19 DE JUNHO DE 2014
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os medicamentos indicados para o tratamento das suas patologias. O interesse do Ministério da Saúde é o de
que a todos os doentes seja garantido o acesso aos melhores tratamentos.
Protestos do PCP e do BE.
Mais ainda: os hospitais têm autonomia técnica e científica para decidir a forma de disponibilização da
terapêutica, de acordo com os critérios mais adequados e a legislação existente. E isso, sim, o Governo pode
assegurar; o que o Governo não pode fazer é intrometer-se nas decisões clínicas de um médico.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Queira concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Paulo Almeida (CDS-PP): — Cada médico tem de ter o direito de prescrever ao seu doente a
medicação que considera mais adequada.
Concluindo, Sr. Presidente, repito: a medicação tem de estar acessível a todos, como é óbvio,…
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Pois tem, pois tem!
O Sr. Paulo Almeida (CDS-PP): — … e não admitimos que este acesso não seja uma realidade. O
Governo também não o admite, certamente.
A qualidade, a segurança e proteção da saúde e o acesso aos seus cuidados serão sempre um objetivo e
uma missão para este Governo que, diria, está a ser cumprida.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Carla Cruz.
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Começamos, obviamente, por saudar
os peticionários e os mais de 5000 cidadãos que subscreveram esta petição.
Aproveitamos, também, para saudar as associações de doentes que têm feito, de facto, um trabalho muito
interessante e muito importante em defesa dos doentes e da acessibilidade aos medicamentos.
O problema que esta petição versa não é, efetivamente, um problema novo, é um problema recorrente, que
tem sido objeto de acompanhamento por parte do Grupo Parlamentar do PCP e que tem também sido trazido
várias vezes a Plenário por iniciativa de outros cidadãos.
Desde que este Governo tomou posse, são vários os episódios e os relatos de doentes, de associações de
doentes e também de profissionais de saúde que dão conta da alteração da medicação. E não é só quanto à
esclerose múltipla ou à hepatite C!
Esta alteração dos medicamentos não é, contrariamente àquilo que a direita quis fazer passar, devida a
uma orientação clínica. Trata-se de uma orientação das administrações hospitalares, que cortam e alteram as
prescrições médicas, contrariando o princípio da autonomia clínica. Não têm, de facto, razão para o fazer.
Estas alterações são realizadas pelas administrações clínicas, mas os problemas não se resumem à
alteração da medicação. São vários os problemas que os doentes crónicos enfrentam neste momento: a não
dispensa de medicamentos hospitalares, como recentemente aconteceu nos hospitais de Lisboa; a
disponibilização de medicamentos nos hospitais a «conta-gotas», o que implica, obviamente, mais custos para
os doentes e para as suas famílias; as dificuldades no acesso a novos medicamentos, quando há evidência
científica da sua vantagem clínica. Também já vieram a público vários casos de recusa de autorizações
especiais de utilização no Centro Hospitalar de Lisboa Central.
Bem pode o Sr. Ministro dizer na resposta que enviou sobre esta petição — e passo a citar: «O Ministério
da Saúde não interfere nas decisões clínicas nem se pronuncia favorável ou desfavoravelmente em relação a
qualquer opção terapêutica no tratamento de qualquer patologia». É caso para dizer: só bastava essa
interferência nestas decisões!
O Ministério da Saúde interfere, e muito, nas decisões! Interfere quando corta no financiamento ao Serviço
Nacional de Saúde! Em 2014, o corte situou-se nos 300 milhões de euros!