I SÉRIE — NÚMERO 101
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Todos aqueles que levantaram a voz, dando conta de que não havia qualquer lugar à aclaração, estão hoje
aqui a pedir que sejam violados a Lei do Orçamento do Estado, o Acórdão, que não permite a devolução dos
cortes no subsídio de Natal pela sua não retroatividade.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Paguem tudo por inteiro e deixa de haver dúvidas!
A Sr.ª Conceição Bessa Ruão (PSD): — Srs. Deputados, não podemos ter o melhor de dois mundos, nem
o melhor de todos os mundos.
Perante a ausência de aclaração, decidiu o Governo como procederia face às questões consideradas
duvidosas, só restando cumprir a Lei do Orçamento do Estado para 2014 quanto ao subsídio de Natal.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — A próxima intervenção é do PS.
Tem a palavra a Sr.ª Deputada Catarina Marcelino.
A Sr.ª Catarina Marcelino (PS): — Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados:
Hoje, tivemos aqui uma novidade fantástica. A Sr.ª Deputada Conceição Bessa Ruão deu-nos hoje aqui a
novidade de que, quando o Governo pediu a aclaração do Acórdão do Tribunal Constitucional, fê-lo porque
queria pagar, porque queria, desejava, pagar o subsídio de Natal por inteiro aos portugueses e eu pergunto à
Sr.ª Deputada: por que é que não pagou?! Por que é que não vai pagar?!
Aplausos do PS.
A Sr.ª Conceição Bessa Ruão (PSD): — Está a faltar à verdade!
A Sr.ª Catarina Marcelino (PS): — Por que é que não apresenta uma proposta de lei para pagar?
Vozes do PS: — Claro!
A Sr.ª Catarina Marcelino (PS): — Por que é que não faz como o Tribunal Constitucional, que excecionou
a retroatividade ao início do ano por interesse público de excecional relevo? Por que é que o Governo não faz
o mesmo? Não considera interesse público de excecional relevo o pagamento aos trabalhadores e às
trabalhadoras da Administração Pública dos retroativos dos duodécimos dos cinco primeiros meses do ano?!
Mas o Governo, de facto, traz-nos uma novidade que, penso, nos satisfaz a todos, porque tínhamos todos
convictamente pensado que o Governo não queria pagar os cortes e, hoje e aqui, chegámos à conclusão de
que, afinal, vai ser apresentada uma proposta legislativa no sentido de que sejam pagos.
O Sr. Pedro Jesus Marques (PS): — Muito bem! Ficamos à espera!
A Sr.ª Catarina Marcelino (PS): — Porém, a questão relevante é a seguinte: nós estamos aqui num debate
político, não estamos aqui num debate jurídico. No entanto, ao ouvir as intervenções do Sr. Secretário de
Estado e da Sr.ª Deputada Conceição Bessa Ruão, parece que estamos aqui na base de um tribunal, num
debate de lei.
O Sr. Luís Menezes (PSD): — Nem sabe o que está a dizer!
A Sr.ª Catarina Marcelino (PS): — Até parece que não podemos alterar a legislação, quando aqui o nosso
trabalho é exatamente esse, o de defender as pessoas, alterando a legislação.
O Sr. José Junqueiro (PS): — Bem lembrado!