26 DE JULHO DE 2014
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como uma das suas línguas oficiais, a par do castelhano e do francês, não havendo registo da sua utilização
corrente pela população.
Constituem ainda como princípios fundamentais desta comunidade o primado da paz, da democracia, do
Estado de direito, dos direitos humanos e da justiça social.
Os Deputados abaixo assinados têm fundadas dúvidas sobre o cumprimento destes desígnios,
designadamente num país onde o Presidente Teodoro Obiang se mantém no poder ininterruptamente desde
1979, na sequência de um golpe de Estado, e onde — apesar da moratória recentemente aprovada — a pena
de morte se encontra prevista tanto no Código Penal como no Código de Justiça Militar.
Reconhecendo todo o processo político-diplomático iniciado em 2010, pelo anterior Governo, bem como, as
expectativas criadas junto da República da Guiné Equatorial, ou ainda, a previsível situação de isolamento de
Portugal no seio da CPLP em relação a esta matéria, com esta adesão poderá estar a ser desvirtuado o
principal desígnio da CPLP, como espaço de cooperação e aprofundamento de relações das mais diversas
ordens mas entre países que partilham uma mesma história, língua e cultura.
Os Deputados do PSD, André Pardal — Bruno Coimbra — Pedro Pimpão — Joana Barata Lopes.
——
Não obstante compreender o contexto da adesão da Guiné Equatorial à Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa (CPLP), bem como o processo iniciado pelo anterior Governo já em 2010, creio que importará
garantir que, com esta adesão, não será desvirtuado o desígnio primeiro da CPLP enquanto espaço de
cooperação e aprofundamento das relações entre os seus estados membros nos mais diversos domínios e na
materialização de projetos de promoção e difusão da língua portuguesa.
É que — importa recordar — a República da Guiné Equatorial é uma antiga província ultramarina
espanhola e só em 2011, no contexto do processo de adesão à CPLP, aprovou o português como uma das
suas línguas oficiais, de resto pouco ou nada utilizado pela população.
Importa pois, doravante, garantir que a Guiné Equatorial promove efetivamente o uso da língua portuguesa
como língua oficial e, bem assim, o fim da pena de morte, de resto, uma das condições a que se obrigou no
contexto da adesão à comunidade.
A Deputada do PSD, Francisca Almeida.
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A adesão da Guiné-Equatorial à CPLP obedece a uma decisão colegial, na sequência do cumprimento de
um roteiro de convergência com os princípios e valores da CPLP, que mereceu a anuência de todos os seus
Estados-membros.
Portugal tem sido um dos principais países a insistir na necessidade de cumprimento do roteiro de
convergência da Guiné-Equatorial com os princípios e valores que presidiram à fundação da CPLP,
designadamente o respeito pelo Estado de direito, pelos direitos humanos e promoção e uso da língua
portuguesa.
A salvaguarda do bom relacionamento atual e futuro entre todos os membros da CPLP é fundamental para
o seu bom funcionamento, eficácia dos resultados e capacidade de afirmação global.
Uma vez consumada a adesão da Guiné-Equatorial, cabe agora a este país convergir no respeito pelos
princípios e valores da organização, fazendo tudo para que haja a garantia de cumprimento dos direitos
humanos e do Estado de direito, para que seja combatida a corrupção e a pobreza e para que se promova o
uso da língua portuguesa.
A abolição da pena de morte e a criação de condições para o exercício do pluralismo democrático são
elementos essenciais para a afirmação do Estado de direito e para a pertença da Guiné-Equatorial à CPLP.
Com a adesão à CPLP, a Guiné-Equatorial fica agora mais exposta ao escrutínio internacional, o que por si
só é um facto positivo e que deve ser acompanhado pela exigência de respeito pelos valores estruturantes do
Estado de direito.