26 DE JULHO DE 2014
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previamente negociado com a concessionária. Desta forma o Estado não suportaria, no imediato, o custo da
infraestrutura, assegurando, ao mesmo tempo, que o seu valor se manteria dentro dos valores pré-definidos.
No entanto, os factos acabaram por demonstrar, como o PSD sempre afirmou, que este modelo assentava
em pressupostos errados e criava a ilusão da gratuitidade. O resultado está à vista de todos: a atribuição de
um grande número de concessões nestes moldes agravou o desequilíbrio das finanças públicas, contribuindo
para o aumento substancial da dívida e do défice do Estado português. Uma situação agravada pela
renegociação deste modelo, uma vez que, tendo falhado os encaixes esperados para as concessionárias, o
Estado passou a assumir o risco pleno da operação, obrigando-se a pagar pela disponibilidade da via e não
em função do tráfego servido.
No caso da Autoestrada Transmontana, a decisão de introduzir portagens foi assumida pelo Eng.º José
Sócrates, em fevereiro de 2011, por ocasião da iniciativa Governo Presente, em Bragança, em declarações à
agência Lusa e como o testemunharam os diferentes meios de comunicação social. As declarações do atual
Governo, e em particular do Sr. Primeiro-Ministro e do Sr. Secretário de Estado dos Transportes,
Infraestruturas e Comunicações, limitam-se, pois, a relembrar aquilo que foi afirmado e assumido pelo anterior
Governo: o princípio do «utilizador-pagador» e da universalidade da cobrança de portagens.
Acompanhamos o sentido de voto do grupo parlamentar do PSD neste projeto de resolução porque
concordamos com esta posição de princípio e porque compreendemos as razões de emergência nacional que
determinam a introdução de portagens nestas vias. No entanto, e também por uma questão de princípio,
manifestamos também o nosso profundo desacordo relativamente a qualquer sistema de portagens, como
acontece com o atualmente utilizado na A7 ou na A24, que não tenha em conta as especificidades de
desenvolvimento socioeconómico de cada território e não consagre uma discriminação positiva e justa para as
populações e as empresas das regiões do País menos desenvolvidas.
A Autoestrada Transmontana tem já, neste momento, dois troços portajados, nas envolventes das cidades
de Vila Real e Bragança, introduzidas pelo anterior Governo. A introdução de portagens nos troços restantes
não está ainda programada nem calendarizada e será objeto, por parte do Governo, da necessária
ponderação e adequação. É nossa convicção que a situação económica e financeira do País exige que todos
sejam chamados a contribuir para a resolução dos seus problemas. Mas, mesmo assim, não podemos deixar
de relembrar, nesta oportunidade, as responsabilidades do Estado na promoção da coesão territorial.
De acordo com o artigo 81.º da Constituição, incumbe ao Estado promover a coesão económica e social de
todo o território nacional, orientando o desenvolvimento no sentido de um crescimento equilibrado de todos os
sectores e regiões, eliminando progressivamente as diferenças económicas e sociais entre a cidade e o
campo e entre o litoral e o interior. Ora, tendo em conta os baixos níveis de desenvolvimento socioeconómico
das regiões como Trás-os-Montes e Alto Douro entendemos que os valores das portagens (os mais caros do
País) devem ser revistos o mais rapidamente possível, de modo a minimizar os impactos negativos que os
seus elevados custos provocam junto das suas populações e empresas.
Os Deputados do PSD, Luís Leite Ramos — Adão Silva — Maria Manuela Tender — Maria José Moreno —
Luís Pedro Pimentel.
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Relativa ao projeto de resolução n.º 1069/XII (3.ª):
Os Deputados do PSD do distrito de Setúbal votaram contra o projeto de resolução n.º 1069/XII (3.ª), do
PCP, relativo à recuperação do IC1 – troço Alcácer/Grândola, por entenderem que o texto de enquadramento
adotado pelo PCP é faccioso e falacioso, não retratando a verdade dos factos.
Os Deputados do PSD partilham das preocupações relacionadas com a degradação do IC1 – troço
Alcácer/Grândola e por isso, em tempo oportuno e não por oportunismo, apresentaram diversos documentos e
tomaram posições públicas sobre o assunto.
A situação herdada pelo atual Governo, espelhada nos termos da PPP em causa, impedia qualquer
resolução direta do problema por parte da EP, e obrigava a renegociar, baixando custos, para ser
minimamente sustentável.