27 DE SETEMBRO DE 2014
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O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, corrija o erro: leia do artigo 27.º,
n.º 5, e o artigo 3.º, n.º 2, da Lei n.º 26/95, que faz essa correção e essa alteração, demonstrando que o Sr.
Primeiro-Ministro não tinha o direito de receber a subvenção vitalícia, designadamente por esse tal critério dos
55 anos. Vamos ver se o Sr. Ministro Poiares Maduro o ajuda nessa questão, porque de certeza foi ele que o
enganou na leitura incorreta da lei em vigor.
Risos do PS.
Sr. Primeiro-Ministro, eu não duvido que a sua vida seja transparente e não estou a acusá-lo de ser um
multimilionário. Por isso mesmo, porque não o é, não acredito que não se lembre e que nem possa precisar se
foi capaz de estar a trabalhar três anos para uma instituição sem receber, de borla.
A Sr.ª Teresa Leal Coelho (PSD): — Já respondeu!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Recebeu despesas de representação? As despesas de
representação têm limite!
Depois, na sua declaração de rendimentos, sublinha e salvaguarda a sua colaboração em relação a
alguma comunicação social. Se recebeu despesas de representação dessa instituição, por que não o fez
também? Isto não é um problema fiscal, é um problema de transparência que a Assembleia da República
exige. Esta é a resposta que se exige, Sr. Primeiro-Ministro! Nesse sentido, queria dizer-lhe que se não
clarifica isto, a dúvida permanece e eu acho que ninguém ganha com isso.
Sr. Primeiro-Ministro, voltando ao País real, nós dissemos, e continuamos a dizer, que o problema central
deste Governo é a política que realiza, tendo em conta o estado desgraçado em que está a deixar o País.
Após o início da presente Sessão Legislativa, verificamos a razão que tínhamos em relação a preocupações
na área dos serviços públicos, na área da saúde, na área da educação, na área da justiça. Mas, mais uma
vez, as bancadas da maioria disseram que não tínhamos razão, que ia ser tudo feito como deve ser.
Qual é a situação, hoje, na saúde, Sr. Primeiro-Ministro? É que já não é só o encerramento de serviços, é a
incapacidade de os serviços responderem às necessidades das pessoas, tendo em conta os cortes que os
senhores estão a realizar, tendo em conta o aumento das taxas moderadoras, tendo em conta que hoje as
famílias já pagam acima da média da União Europeia os custos com a saúde.
Na justiça, o Governo insistiu em aplicar o mapa judiciário e acabou por parar a justiça, prejudicando os
profissionais, mas, sobretudo, os cidadãos, que não conseguem exercer os seus direitos. Encerraram
tribunais, instalaram os novos em contentores, os processos anteriores a 1 de setembro estão sem tramitação,
há advogados, magistrados e funcionários sem acesso informático aos processos, porque os tribunais onde
estavam deixaram de existir, mas também não têm acesso aos processos em papel, porque ninguém os
consegue encontrar nas pilhas de papéis que estão depositadas um pouco por toda a parte.
Há advogados a enviarem documentos por fax para cinco juízes do mesmo tribunal, porque não sabem
qual deles está com o processo nas mãos.
O Sr. David Costa (PCP): — Exatamente!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Há julgamentos e ações executivas feitas sem que o juiz ou os
advogados tenham, sequer, o requerimento executivo, porque ninguém consegue ter acesso ao processo.
A Sr.ª Teresa Leal Coelho (PSD): — Não é verdade!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr. Primeiro-Ministro, também na educação foi o que foi: erros,
irregularidades, ilegalidades. Há milhares de alunos que continuam sem aulas porque faltam professores.
Faltam professores do ensino especial, faltam funcionários, faltam psicólogos e demais técnicos; encerraram
mais 311 escolas; do 1.º ciclo, há inúmeras escolas que continuam a funcionar em condições precárias, o que
é prejudicial ao ensino. É esta a realidade concreta de muitas escolas do País.