27 DE SETEMBRO DE 2014
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do que dizer que sim, Sr. Deputado, apresentei, naturalmente, as respetivas despesas ao Centro Português de
Cooperação.
Perguntou o Sr. Deputado: «Mas auferiu um rendimento certo, recebeu o senhor…». Até já li hoje num
jornal que eu tinha um cartão de crédito… Não, Sr. Deputado! Não tive cartões de crédito, não recebi
remunerações e, por isso, não tinha afetado o meu regime de exclusividade. Isto, Sr. Deputado, é aquilo que
posso, sob compromisso de honra, dizer ao Parlamento.
Agora, diz o Sr. Deputado: «Não, não, mas isso não me chega, isso não me chega. Eu quero vasculhar as
suas contas bancárias».
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. António José Seguro (PS): — Eu não disse «vasculhar»!
O Sr. Primeiro-Ministro: — «Eu quero que o senhor traga para o Parlamento e para os jornais os
movimentos que fez nesses anos».
Sr. Deputado, reafirmo aquilo que já disse: estou disponível, e transmiti-o à Sr.ª Procuradora-Geral da
República, a quem de direito, para prestar todas as informações que são necessárias…
O Sr. António José Seguro (PS): — Incluindo essa?!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Deputado, todas as informações que são necessárias, à Procuradoria-
Geral da República.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Para prosseguir, tem a palavra o Sr. Deputado António José Seguro.
O Sr. António José Seguro (PS): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, cada vez que o senhor fala
adensa as dúvidas em relação a esta situação.
Protestos do PSD.
Isso é claro.
A Sr.ª Presidente: — Peço às bancadas o favor de não fazerem muito ruído. Porém, a intervenção da
Mesa não pode ser sistemática, porque também perturba a intervenção do Sr. Deputado António José Seguro.
Sr. Deputado, descontarei o tempo que for necessário para se retomarem, na Sala, as condições
adequadas.
Faça favor de prosseguir.
O Sr. António José Seguro (PS): — Muito obrigado, Sr.ª Presidente.
Sr. Primeiro-Ministro, há uma atitude que pode ajudar a clarificar de uma vez por todas esta situação:
levantar o sigilo bancário em relação às suas contas bancárias no que diz respeito às remunerações, ou às
despesas reembolsadas, ou às ajudas de custo, ou às despesas de representação que recebeu durante o
período em que exerceu funções de Deputado. Isso, o senhor pode fazer e, mais, não se trata de vasculhar,
trata-se de contribuir para criar todas as condições para o apuramento da verdade. É porque a democracia
convive com transparência,…
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. António José Seguro (PS): — … a democracia não convive com opacidade e não podem existir
dúvidas sobre se o então Deputado Pedro Passos Coelho recebeu ou não indevidamente. Porque se recebeu