9 DE OUTUBRO DE 2014
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Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Pelo CDS-PP, tem a palavra o Sr. Deputado Michael Seufert.
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados, a
questão complexa, até pela sua dimensão, do arranque do ano letivo teve, este ano, um momento — já o
ouvimos da boca do Sr. Ministro, por parte do PSD e, agora, do CDS — que não correu bem, apesar de se
restringir a um conjunto pequeno de escolas e de colocações.
A Sr.ª Deputada Rita Rato referiu, e bem, que estamos a falar de um terço dos agrupamentos de escolas,
e, naturalmente, apenas dos professores que iam à bolsa de contratação de escola, porque os professores de
quadro mantiveram-se lá colocados.
Porém, não vou usar o facto de se tratar de um caso restrito de professores, dentro de uma colocação
restrita de escolas, para fazer disto uma coisa de menor importância. Os constrangimentos que se criaram em
virtude do erro que aconteceu são reais e devem, por isso, também, ter respostas reais.
Ainda assim, o universo de que estamos a falar, num universo de 110 000 professores nas escolas do
Estado, é de pouco mais de 2000 professores contratados nas escolas TEIP (Territórios Educativos de
Intervenção Prioritária) ou nas escolas com contrato de autonomia. Desses pouco mais de 2000, devido ao
erro da fórmula, apenas 800 estavam mal colocados, e portanto, o problema da fórmula também não era
assim tão grande. Desses 800, uma boa parte, aliás, a maioria, ou foram colocados noutra escola para a qual
tinham indicado preferência ou acabaram até por ficar colocados na mesma escola, noutro horário, e 150 —
para irmos ao cerne da questão — ficaram sem colocação, Sr. Ministro. É um número pequeno no sistema
educativo e, Sr. Ministro, até temos esperança que venha a ser ainda mais reduzido em momentos posteriores
de colocação.
De qualquer forma, deixamos muito claro que, para nós, atrás de cada um destes números, está uma
pessoa real, uma pessoa que, com isto, tem problemas na sua vida e, por isso, este problema deve ser
encarado com toda a seriedade, sem falar de caos nas escolas, porque a colocação errada de 800
professores não provoca, num sistema educativo como o português, um caos, mas também sem dizer que a
correção disso levantou outros problemas.
A propósito, acho graça ver Os Verdes insurgirem-se por haver professores colocados em duas escolas. É
que isso acontece porque um professor pode candidatar-se ao universo total das escolas e pode até ficar
colocado em mais do que duas ou três se as circunstâncias da sua graduação profissional e o perfil que a
escola tinha traçado forem cumpridos em duas ou três escolas.
Depois, há o problema de o professor ter de responder em 48 horas (não responde de um dia para o outro)
e, nas escolas em que ele não vai ocupar o lugar, o lugar vai ter de ser ocupado de outra forma.
Isto é normal, acontece num sistema como o nosso com toda a naturalidade e deve, por isso, ser visto com
toda a naturalidade.
Sr. Ministro, achamos que há dois tipos de problemas que têm de ser encarados e resolvidos e para os
quais chamamos a atenção do Ministério da Educação. Um deles é o dos alunos.
De facto, creio que, por causa da bolsa de contratação de escola, não houve alunos que tenham ficado um
mês inteiro sem professores, porque os outros professores, ainda que erradamente colocados, estavam a dar
aulas.
Porém, nesta altura, como aqui foi referido, esse problema existe e o Ministério deve tomar providências
para que, pedagogicamente, esses alunos que estejam prejudicados possam recuperar e ficar completamente
em pé de igualdade com os outros colegas.
Ao mesmo tempo, Sr. Ministro, em relação aos professores que, apesar de um erro, tenham sido colocados
— do seu ponto de vista, de boa-fé — numa escola e que, com isso, tenham entrado em despesas,
compromissos pecuniários na sua vida pessoal, dentro do quadro da legalidade, devem ser tomadas todas as
medidas, por parte do Ministério, de forma a poder compensá-los nessas circunstâncias.
Aplausos do CDS-PP.