I SÉRIE — NÚMERO 18
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Hoje, temos uma retoma do consumo que tem uma contrapartida do lado da taxa de poupança — temos
visto essa taxa recuar ligeiramente ao longo deste ano —, mas que só demonstra que a confiança dos
consumidores não se compara àquela que existia em 2012, e deixe-me dizer, Sr. Deputado, que também não
se compara àquela que existia em 2011, quando tivemos de pedir um resgate.
Em segundo lugar, continuamos a ter empresas que — e isso é uma mudança de paradigma, fica-lhe mal
não o reconhecer —, apesar das circunstâncias adversas, nomeadamente ao nível da procura externa, têm
continuado a aumentar as exportações.
Sr. Deputado, a procura interna decorre da animação do consumo sem endividamento, e sem
endividamento bancário, e do investimento, que também foi retomado, como o Sr. Deputado aqui assinalou. O
Sr. Deputado gostaria que houvesse mais, eu sei! Nós também gostaríamos que houvesse mais, mas a
verdade é que o investimento tem vindo a cair de há muitos anos a esta parte. Evidentemente, estamos a falar
de investimento privado, porque sobre investimento público o Sr. Deputado Hugo Lopes Soares explicou: o
Partido Socialista continuaria a insuflar grandemente na nossa economia até que batêssemos, como batemos,
com a cabeça na parede, como é evidente.
Continuamos, portanto, a melhorar as expetativas na procura interna, quer pelo investimento, quer pelo
consumo, mas estamos também a melhorar as nossas exportações, e isso o Sr. Deputado deveria reconhecer,
porque elas têm vindo a aumentar continuamente. Continuamente, Sr. Deputado! Têm aumentado em volume
e em quotas de mercado, o que significa uma mudança de paradigma que está bem expressa no facto de
crescermos, enquanto País, com equilíbrio externo e não com desequilíbrio externo.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. João Galamba (PS): — Não conhece os números do investimento público!
O Sr. Primeiro-Ministro: — O Sr. Deputado João Galamba também perguntou o que é que aconteceria se
as nossas políticas, tal como foram desenhadas inicialmente, tivessem prosseguido sem qualquer entorse. Eu
digo-lhe, Sr. Deputado: tinha havido, seguramente, mais estabilidade, porque as pessoas saberiam
exatamente, como souberam na Irlanda e na Grécia, com o que poderiam contar e não estavam todos os anos
à espera de saber se no próximo ano o corte era assim ou assado e se o imposto era assim ou assado. Isso,
Sr. Deputado, paga-se muito, não só em política, mas também em economia, nas expetativas dos
consumidores, dos investidores, dos agentes económicos.
Teríamos, com certeza, em resultado, um equilíbrio muito maior entre receita e despesa no contributo para
o esforço de consolidação orçamental, teríamos maior estabilidade e previsibilidade por parte dos agentes
económicos e teríamos talvez — digo «talvez» porque, evidentemente, não o posso provar — uma
recuperação mais rápida.
Respondo agora ao Sr. Deputado Hugo Lopes Soares, dizendo-lhe que, na pergunta que fez, deu uma
parte da resposta e que eu dei a outra parte agora mesmo. Onde é que nós estaríamos? Sr. Deputado, não sei
em que resgate estaríamos, mas, provavelmente, estaríamos a competir com o número de PEC que tinham
sido apresentados para resolver um problema que o Partido Socialista não quis resolver, atuando
estruturalmente sobre a despesa, como continua a dizer que não quer atuar estruturalmente sobre a despesa
no futuro.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Deputado também disse, e com muita razão, que as terceiras travessias, os novos aeroportos, todos
os projetos megalómanos que continuavam a prosseguir, mesmo quando estava claro que não tínhamos
dinheiro para os suportar, ainda não foram — repare bem — ressuscitados pelo Partido Socialista. Mas virá a
campanha eleitoral, e quando chegarmos ao período da campanha talvez alguns desses projetos possam
finalmente ser reassumidos,…
O Sr. Vieira da Silva (PS): — O Sr. Primeiro-Ministro é a última pessoa que pode falar de campanhas!