I SÉRIE — NÚMERO 21
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O Sr. JoãoOliveira (PCP): — É uma imposição ao Governo!
O Sr. NunoReis (PSD): — Isso significa o BE e o PCP dizerem «não pagamos!». Assumam-no como tal,
não se refugiem em eufemismos.
Curiosamente, ambas as propostas, quais gatos siameses, acabam por indexar o valor de pagamento de
juros à evolução das exportações.
E cabe aqui perguntar, Srs. Deputados do PCP e do BE, relativamente a países que sejam detentores da
nossa dívida e a destinos privilegiados das nossas exportações, se alguém acredita que o nosso País pode
anunciar, simplesmente, que não paga a sua dívida e que não terá consequências, quer em termos de custos
reputacionais, quer também em termos de as nossas empresas continuarem a vender para fora.
O Sr. AdãoSilva (PSD): — Muito bem!
O Sr. NunoReis (PSD): — No mundo real, Srs. Deputados do PCP e do BE, uma renegociação eficaz é
aquela a que, precisamente, o Governo da República procedeu, quer em 2011, quer em 2013.
Recordo que, com o aumento das maturidades da dívida que Portugal conseguiu renegociar ao nível do
empréstimo da troica, quer em outubro de 2011, quer em junho de 2013, e com a eliminação da margem
cobrada sobre o custo de financiamento do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira e do mecanismo
europeu de estabilidade, o Governo da República conseguiu que as poupanças orçamentais, assumidas pelo
Estado a longo prazo, entre 2013 e 2042, ascendam a 54,5 mil milhões de euros.
O Sr. JoãoOliveira (PCP): — Acrescentaram 50 000 milhões à dívida!
O Sr. Nuno Reis (PSD): — Srs. Deputados do PCP e do BE, isto é renegociar: O vosso «não pagamos» é
uma coisa bem diferente e que, no mundo real, tem consequências bem diferentes.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, entramos no Capítulo VIII — Iniciativa para o reforço da estabilidade
financeira e investimentos financiados pelo Banco Europeu de Investimento.
Relativamente ao artigo 137.º — Concessão extraordinária de garantias pessoais do Estado —, está
inscrito o Sr. Deputado Miguel Tiago, do PCP.
Tem a palavra, Sr. Deputado.
O Sr. MiguelTiago (PCP): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados, este Orçamento do Estado é um fato à
medida dos mais ricos e este artigo é um fato à medida dos bancos.
O Sr. NunoMagalhães (CDS-PP): — Não é, não!
O Sr. MiguelTiago (PCP): — Este artigo em concreto disponibiliza 24 670 milhões de euros para garantias
pessoais do Estado à banca.
Além disso, conjugando com a proposta do PSD e do CDS de alargar os prazos de garantia de cinco para
sete anos e os de reembolso de 20 para 50 anos, é também um fato à medida especificamente do BES, Novo
Banco, que é beneficiário de garantias pessoais do Estado no valor de 3500 milhões de euros, que deveriam
vencer já a partir de dezembro de 2014.
É insustentável que o Governo continue a usar recursos públicos, o dinheiro dos portugueses, para avalizar
e dar garantias a negócios privados, à especulação e às jogadas financeiras da banca.
O comprometimento do Governo com a banca é total e se a justificação são as necessidades impreteríveis
de financiamento da economia então isso só demonstra que a única solução para que o funcionamento da
economia não seja o mesmo do que jogar no casino é a do controlo público da banca e a submissão da banca
ao interesse do País e não o contrário.