22 DE NOVEMBRO DE 2014
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A linha de austeridade que tem sido protagonizada por este Governo tem agravado substancialmente a
vida de muitos portugueses. Basta olhar para o elevado desemprego, para os cortes nos salários, para os
cortes nas pensões, para os cortes nas proteções sociais. E esta austeridade tem elevado o número de
famílias que se encontram em situação económica muito difícil, o que tem gerado um aumento dos casos de
incumprimento nas obrigações fiscais.
Há cerca de um mês, o País tomou conhecimento de um caso que nos chocou a todos. A habitação de
uma família tinha sido colocada em leilão pelo fisco por uma dívida de 1900 € relativa ao imposto único de
circulação. O que salvou esta família foi a solidariedade de um conjunto de cidadãos, que impediu que esta
mesma família, nesse dia, ficasse sem a sua habitação própria permanente, a troco de 1900 € ao fisco relativo
ao imposto único de circulação.
Em 2012 e 2013, o fisco executou e vendeu 56 000 imóveis, enquanto os bancos receberam apenas 8000
imóveis em dação em pagamento. Só este ano, em 2014, foram marcadas 61 000 vendas de imóveis por parte
da administração fiscal. O fisco executou, em 2012 e em 2013, sete vezes mais imóveis do que os bancos.
Sabemos ainda que, em 2012 e 2013, o fisco apenas arrecadou 15,9% das penhoras e vendas de imóveis
que promoveu, porque os bancos estão no topo da hierarquia dos credores, em caso de hipoteca.
Há casos em que as famílias, além de ficarem sem a sua própria habitação, mantêm uma dívida à banca e
mantêm a sua dívida à administração fiscal. Trata-se de uma situação injusta, de enorme insensibilidade
social, que atinge as famílias em maior dificuldade económica e que, na maioria dos casos, favorece a banca.
A nossa preocupação não é de agora. Já nas 2.ª e 3.ª sessões legislativas apresentámos projetos de
resolução exatamente neste mesmo sentido e que, entretanto, foram chumbados pela maioria PSD/CDS.
A habitação própria permanente não tem qualquer tipo de proteção no âmbito das execuções fiscais.
Para o PS, a habitação é um direito fundamental, que deve prevalecer sobre as execuções fiscais.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Passamos ao artigo 144.º — Fundo Português de Carbono.
Pelo PSD, está inscrito para intervir o Sr. Deputado Adriano Rafael Moreira.
Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. Adriano Rafael Moreira (PSD): — Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs.
Deputados, Portugal é um dos países com maior exposição às mudanças climáticas.
No inverno passado, os portugueses viram as consequências trágicas dessas mudanças — o que o
aumento da temperatura e a falta de medidas preventivas podem ter em alguns países.
Nos últimos anos, Portugal tem investido, de forma permanente, na prevenção e na atenuação das
consequências das alterações climáticas. Mas se no passado inverno ainda foi possível atuar e resolver o
problema e, na maior parte dos casos, a tempo da época balnear, não sabemos se no futuro isso acontecerá,
e é por isso, Srs. Deputados, que este artigo é da máxima importância.
É da máxima importância que se continue a investir em projetos que tenham como efeito a diminuição da
produção de gases com efeito de estufa; é importante que se continue a investir em projetos como, por
exemplo, o da mobilidade elétrica; e é importante, Srs. Deputados, que não se perca a solidariedade global e
que se continue a apoiar projetos, nomeadamente na CPLP.
Por último, Srs. Deputados, é necessário ter presente e chamar a atenção para o facto de o Governo já ter
anunciado que, em 2015, irá proceder à revisão do Fundo Português de Carbono, precisamente para o
adequar à sustentabilidade da nossa economia, nomeadamente ao grande projeto, que este Governo já
apresentou, do crescimento verde.
Aplausos do PSD.
A Sr.ª Presidente: — Passamos agora ao artigo 145.º — Contratos-programa na área da saúde.
Pelo Bloco de Esquerda, tem a palavra o Sr. Deputado João Semedo.