27 DE NOVEMBRO DE 2014
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algo curioso, que já disse noutras vezes: «o Bloco de Esquerda esquece-se de falar do crédito fiscal; se
houvesse crédito fiscal em 2014 até teríamos uma devolução da sobretaxa às famílias».
Sr. Secretário de Estado, propusemos nas alterações ao Orçamento do Estado que se acabasse com a
sobretaxa. Se o Governo, se o PSD e o CDS achassem de facto possível devolver alguma coisa às famílias,
acabavam com a sobretaxa! Não é só dizer-se que em 2016 logo se fazem as contas! É que essas contas não
vão ser as de 2014, pois não, Sr. secretário de Estado?! Se fossem as de 2014, então, tinham aprovado aquilo
que o Bloco de Esquerda propôs e isso, sim, era ter uma política justa, de facto, porque era devolver o enorme
aumento de impostos às famílias.
Nestas reformas que estão em cima da mesa não há grande reforma, mas há muito cimento, porque se vai
cimentar o enorme aumento de impostos e vai cimentar-se a desigualdade no nosso País.
O Sr. Ministro insiste que esta é uma reforma da fiscalidade verde. Perguntamos: as grandes superfícies
vão ser penalizadas por continuarem a insistir nos sacos de plástico? Olhamos para a reforma e a resposta é
não.
Perguntamos: as empresas, os produtores, vão ser prejudicadas por continuarem a utilizar grandes
embalagens? Vão ser incentivadas a reduzirem as embalagens? Olhamos para a reforma e a resposta é não.
Então, onde está a força desta reforma para mudar, de facto, estas dinâmicas que são erradas, que
existem e são erradas? Não existem!
Afinal, Sr. Ministro, quem vai pagar mais impostos, somando as duas reformas, é quem ganha o salário
mínimo, quem ganha 500 ou 600 euros. Esses vão pagar mais!
Diz o Sr. Secretário de Estado que eles podem ter aqui uma alteração dos padrões de consumo. Sr.
Secretário de Estado, com tão pouco dinheiro, já não têm muito mais a alterar, já alteraram o que conseguiam,
mas é de facto isso que o Governo quer, ou seja, obrigar estas pessoas que já ganham muito pouco a comprar
menos.
A Sr.ª Presidente: — Queira terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Pode haver alterações do padrão de consumo mas não é por uma
escolha informada, é, de facto, porque não há dinheiro para pagar mais.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Pelo CDS-PP, para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Vera Rodrigues.
A Sr.ª Vera Rodrigues (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados: A
reforma do IRS que hoje aqui discutimos faz parte de um pacote de reformas fiscais que são, sem dúvida, um
dos instrumentos fundamentais que este Governo escolheu para um novo ciclo económico.
Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, a reforma do IRS não é, por todas as razões que hoje já
discutimos, uma reforma ad hoc, é uma reforma decisiva, é uma reforma pensada, é uma reforma estruturada,
é uma reforma tecnicamente sólida e fundamentada e para futuro. Por isso, se me permite, Sr. Secretário de
Estado, através de si cumprimento e felicito o Governo por deixar aqui uma marca do espírito reformista deste
Governo, uma reforma que tem no seu no seu ADN a proteção e a defesa dos valores da família.
Esta é verdadeiramente a primeira grande reforma do IRS dos últimos anos. Diz a oposição, naturalmente
sem conhecer o documento em profundidade, que esta é uma reforma para ricos. Sr. Secretário de Estado,
esta é uma reforma que aumenta o mínimo de existência e que isenta 120 000 famílias do pagamento de IRS.
Como é que a oposição pode dizer que esta é uma reforma para ricos?
Esta é uma reforma que mereceu, aliás, um grande consenso social. Mereceu o consenso da parte dos
parceiros sociais e, por isso, não se percebe nem se compreende como é que a oposição não a aprova, não
tem capacidade de reconhecer o benefício e o mérito que ela tem, atribuindo maior justiça entre o nível dos
rendimentos das famílias e aquilo que são os encargos por elas são suportados, as suas despesas familiares.
Esta reforma, sem dúvida, devia merecer um consenso político alargado, em nome da estabilidade e da
previsibilidade fiscal.