I SÉRIE — NÚMERO 24
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Mas, para os Deputados do PCP, que aqui fizeram uma referência aos seus modelos, taxando o capital em
detrimento daquilo que são os rendimentos das pessoas, é preciso que aqui fique esclarecido que o tempo dos
muros acabou. Por isso, o capital desloca-se, o investimento move-se,…
Protestos do Deputado do PCP Paulo Sá.
…os investidores são racionais e, naturalmente, entre outros fatores, fazem as suas decisões de
investimento em função do nível de tributação aplicável às suas empresas.
Esta maioria e este Governo não têm dúvida nenhuma que é a iniciativa privada, as empresas, o motor de
criação de riqueza, o motor do crescimento, o motor do crescimento do emprego, o motor do investimento, o
motor da retoma e o motor das exportações.
Por isso, Sr. Secretário de Estado, queria dizer-lhe que há aqui, claramente, uma linha que nos separa da
esquerda mais radical: nós queremos mais empresas em Portugal e a esquerda radical quer menos; nós
queremos mais investimento em Portugal e a esquerda radical, pelos vistos, quer menos.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
A Sr.ª Presidente: — Inscreveu-se, para pedir esclarecimentos à Sr.ª Deputada Vera Rodrigues, o Sr.
Deputado Paulo Sá, do PCP.
Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados, a Sr.ª Deputada Vera Rodrigues veio aqui dar
os parabéns ao Governo por uma reforma que disse que era uma reforma que protegia as famílias.
Quero perguntar-lhe, Sr.ª Deputada, se em 2013, quando se verificou aquele brutal aumento de impostos,
essas famílias de que a Sr.ª Deputada agora fala não viram a sua carga fiscal, o imposto que pagam
anualmente, o IRS, aumentar brutalmente.
E pergunto-lhe mais: essas famílias, agora, mesmo com estas medidas que o Governo apresenta na
reforma do IRS, mesmo que vejam uma diminuição do imposto a pagar, não ficarão, mesmo assim, muito
acima daquilo que pagavam em 2012?
Portanto, Sr.ª Deputada, esta reforma não é amiga das famílias, não é amiga dos trabalhadores, não é
amiga dos reformados, não é amiga de ninguém, porque este Governo aumentou o IRS de todos os que o
pagam em 2012, levando a um aumento de receita, como a Sr.ª Deputada sabe, de 3200 milhões de euros.
Mas o que a Sr.ª Deputada aqui não quis esclarecer foi esta opção do Governo, em particular do CDS, de
se recusar a aliviar verdadeiramente a carga fiscal que incide sobre os trabalhadores e as famílias.
Apresentámos aqui um projeto de lei com um conjunto de medidas que aliviam em 5500 milhões de euros a
carga fiscal que recai sobre os trabalhadores e a família e a Sr.ª Deputada diz que não é possível. Não é
possível porque o Governo, o PSD e o CDS-PP não querem tocar no grande capital, não o querem tributar de
forma adequada.
Ainda ontem, no Orçamento do Estado, a maioria chumbou uma proposta do PCP relativa ao Estatuto dos
Benefícios Fiscais, no sentido de eliminar um benefício fiscal, nomeadamente aquela isenção de 50% em IMI
para os fundos imobiliários. Por que é que recusaram aquela proposta, como muitas outras que o PCP
apresentou no Orçamento do Estado? Por que é que se recusam a tributar de forma adequada o grande
capital? Porque a vossa política, a vossa opção é a de servir o grande capital à custa do sacrifício dos
trabalhadores e também das famílias.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra a Sr.ª Deputada Vera Rodrigues.
A Sr.ª Vera Rodrigues (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Paulo Sá, já sabemos que o PCP
confunde reiteradamente o aumento da carga fiscal, baralha aumento de carga fiscal e aumento de receita de
impostos arrecadada com aumento de taxas.