4 DE DEZEMBRO DE 2014
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Aplausos do PS.
Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Interpelamos hoje o Governo, porque todos temos o dever de
interpelar quem governa.
Que resposta tem o Governo para a crescente pobreza infantil?
Como vai responder à queda da pré-escolarização?
Por que caem os números da educação de adultos, quando a qualificação é o maior dos nossos desafios?
Como reduzir os cada vez mais altos pagamentos dos cuidados de saúde por parte das famílias?
Qual é a política de família que justifica o tratamento fiscal desigual que favorece os mais ricos?
Como se justifica que reduzam os recursos técnicos nas áreas sociais, como acontece na inativação de
quadros da segurança social?
Interpelamos o Governo em questões-chave da ação governativa, em áreas das quais não reivindicamos a
paternidade nem o exclusivo. Áreas de ação política que se centram na dignidade humana e na proteção dos
mais fracos. Áreas que já foram património comum de diversas famílias políticas do espaço europeu, do
socialismo à democracia cristã,…
Aplausos do PS.
… mas que estão hoje esmagadas pelos dogmas pretensamente científicos do neoliberalismo e pelo
regresso do assistencialismo conservador.
Aplausos do PS.
E não se iludam nem tentem iludir os portugueses! O nosso desafio — do Partido Socialista — não nos
desloca do nosso espaço, não nos esquerdiza nem radicaliza.
Estamos onde sempre estivemos: no espaço da liberdade e da justiça, no espaço da radicalidade da
defesa da dignidade humana e da igualdade. E, em nome destes valores, não deixaremos, hoje e sempre, de
interpelar.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Fica assim aberto, por parte do PS, o debate desta interpelação.
Ainda para intervir na abertura do debate, em nome do Governo, tem a palavra o Sr. Ministro da
Solidariedade, Emprego e Segurança Social.
O Sr. Ministro da Solidariedade, Emprego e Segurança Social (Pedro Mota Soares): — Sr.ª Presidente,
Sr.as
e Srs. Deputados, Distintos Membros do Governo: A interpelação do Partido Socialista tem uma
preocupação que é de todos — a pobreza e a igualdade de oportunidades.
Os números da pobreza são sempre o reflexo do sofrimento dos mais fracos e dos mais desprotegidos e é
isso que nos deve preocupar e interpelar.
É uma questão que não é apenas destes dias, mas que nestes anos tão difíceis para os portugueses tem
constituído, para este Governo, uma constante prioridade a que temos procurado assistir.
Herdámos um País onde a probabilidade de um membro de uma família ficar no desemprego era
assustadoramente crescente. Um País que, em maio de 2011, estava à beira da insolvência.
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — Bem lembrado!
A Sr.ª Conceição Bessa Ruão (PSD): — Já se esqueceram!
O Sr. Ministro da Solidariedade, Emprego e Segurança Social: — Em maio de 2011, os juros das
nossas obrigações a 10 anos estavam nuns incomportáveis 10%; hoje, precisamente hoje, estão abaixo dos
3%.