5 DE DEZEMBRO DE 2014
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O Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais (Paulo Núncio): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados:
Relativamente à reforma do IRS é importante enquadrarmos o momento que estamos a viver.
A partir do momento em que o Partido Socialista se absteve quando da votação, na generalidade, da
reforma do IRS, o Governo, juntamente com os Deputados da maioria, entendeu que era sua obrigação
apresentar propostas alternativas que visassem, por um lado, responder às preocupações que o Partido
Socialista tinha manifestado nesse debate parlamentar e, por outro, criar condições para um consenso político
alargado sobre a reforma do IRS.
As propostas apresentadas foram, assim, um passo em frente, no sentido de reforçar, por um lado, a
progressividade do imposto e, por outro lado, a simplificação do imposto, que tinha também sido uma
preocupação manifestada pelo Partido Socialista.
As propostas reforçaram as deduções com despesas de saúde, habitação, educação e PPR, beneficiando,
assim, a generalidade dos contribuintes.
Depois desta aproximação do Governo, pergunto: será que o PS vota contra esta reforma do IRS, que irá
permitir que cerca de 1 milhão de famílias com filhos possa ver reduzido o seu imposto já a partir de janeiro de
2015?
Faço uma segunda pergunta: será que o PS quer votar contra esta reforma do IRS, que permitirá que cerca
de 120 000 famílias de baixos rendimentos deixem de pagar IRS em 2015?
Faço uma terceira pergunta: será que o PS quer votar contra esta reforma do IRS, que vai permitir que
cerca de 2 milhões de famílias portuguesas fiquem dispensadas da apresentação da declaração de IRS já a
partir do próximo ano?
São três perguntas muito importantes e é importante que se façam neste momento.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Sr.as
e Srs. Deputados, nestes momentos decisivos o que se exige é capacidade de diálogo e abertura para
consensos políticos alargados.
O País precisa de um PS com sentido de Estado, o País precisa de um PS com sentido de
responsabilidade; o País não precisa e dispensa um PS que vire à esquerda e que se aproxima do radicalismo
ideológico do Partido Comunista e do Bloco de Esquerda.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Para formular uma pergunta ao Sr. Secretário de Estados dos Assuntos Fiscais, tem
a palavra o Sr. Deputado Paulo Sá.
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr. Secretário de Estado, vamos já na terceira versão da
designada «reforma do IRS». Apesar das diferenças, todas elas têm um denominador comum: deixam
inalterados os artigos do Código do IRS que o Governo alterou em 2013, para impor uma injusta carga fiscal
sobre os rendimentos do trabalho.
O Governo não mexe nos escalões, não mexe nas taxas do imposto, não mexe na sobretaxa
extraordinária. O Governo não tem, nem tinha, qualquer intenção, com esta reforma do IRS, de reverter a
brutal carga fiscal imposta em 2013 sobre os rendimentos do trabalho. Foi o próprio Presidente da Comissão
para a Reforma do IRS que confirmou aqui, na Assembleia da República, não ter recebido qualquer mandato
do Governo para diminuir a injusta carga fiscal sobre os trabalhadores.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Bem lembrado!
O Sr. Paulo Sá (PCP): — A intenção do Governo desde o início foi sempre a de transformar em definitivo
aquilo que em 2013 anunciou como provisório. As múltiplas alterações que o Governo faz ao IRS, as voltas e
reviravoltas do Governo sobre esta matéria só têm um objetivo, Sr. Secretário de Estado: tentar encobrir esta
realidade, desviando as atenções do que é essencial.