5 DE DEZEMBRO DE 2014
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mensal, verá a sua coleta descer 667 € por filho. Conclusão: para o Governo, numa família numerosa, o valor
fiscal de um filho diminui sempre que diminuir o rendimento da sua família.
Aplausos do PS.
No debate na generalidade, anunciámos que iríamos apresentar uma proposta alternativa que procurasse
despoluir a proposta do Governo de fatores regressivos e que introduzisse maior progressividade no cálculo
do imposto a pagar pelas famílias. Foi exatamente isso que fizemos.
Propomos a não adoção do quociente familiar, ou seja, propomos a manutenção do quociente conjugal, de
forma a impedir o efeito regressivo na redução da coleta por dependente ou ascendente. Com base nos
números conhecidos de redução da receita do IRS, com a eventual aplicação do quociente familiar, dividimos
esse valor pelo número de dependentes das famílias que apresentam declaração de IRS, por forma a fixar
uma dedução à coleta por filho, independentemente do nível de rendimentos do agregado familiar.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. João Paulo Correia (PS): — Propomos a manutenção do quociente conjugal no cálculo da coleta,
compensado pela dedução fixa de 500 € por filho ou ascendente e de 625 € por dependente até aos 3 anos de
idade. Deste modo, um filho terá o mesmo valor fiscal, independentemente do nível de rendimento dos pais.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. João Paulo Correia (PS): — O Estado deve tratar os filhos de cada família por igual.
Aplausos do PS.
Perante o Estado, o filho de um rico não pode valer mais do que o filho de um pobre.
A proposta de lei do Governo foi anunciada como uma reforma e, na sua terceira versão, regressa a lei
atual, intoxicada de propostas regressivas e carregadas de injustiça social.
O PS sublinhou, desde cedo, os seus limites vermelhos; o Governo insistiu na divergência e na
conflitualidade. O Governo não conta com o PS para implementar esta proposta de lei, enquanto se
mantiverem os fatores de regressividade que acabámos de denunciar.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — A próxima intervenção cabe a Os Verdes.
Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, faça favor.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Secretária de Estado dos Assuntos
Parlamentares e da Igualdade, Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Sr.as
e Srs. Deputados: Na
perspetiva de Os Verdes há, talvez, duas palavras que caracterizam muito bem esta reforma do IRS:
trapalhada e ilusão.
Esta reforma, Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, tem-se demonstrado uma absoluta
trapalhada. Primeiro, de acordo com a proposta do Governo, não havia qualquer penalização para as famílias
sem filhos. Todas as contas estavam feitas, era uma evidência.
Depois, passados uns tempos, demonstrou-se que, afinal, havia penalização para famílias sem filhos, pelo
que o Governo propôs uma cláusula de salvaguarda e as pessoas poderiam optar pelas regras de 2014, caso
fossem mais favoráveis.
A seguir, já não era preciso a cláusula de salvaguarda, mantinham-se as deduções à coleta.
Ou seja, Sr. Secretário de Estado, outros passos poderiam ser contados desta famigerada história do IRS,
mas isto é bem demonstrativo de que esta reforma não foi bem estudada, não foi bem pensada nem foi bem
discutida, designadamente com aqueles que têm interesse na sua discussão, que são a sociedade e, em