I SÉRIE — NÚMERO 26
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incomodidade dos partidos da oposição, porque, de facto, estão assustados com a reforma do IRS. Mas os
portugueses, no próximo e nos próximos anos, vão ter a possibilidade de constatar a bondade desta legislação
em termos de resultados diretos para as famílias e de simplificação.
Por isso, não se assustem, porque os portugueses ficarão melhor.
Aplausos do PSD.
A Sr.ª Presidente: — Inscreveu-se, ainda, pelo PCP, para uma intervenção, o Sr. Deputado João Oliveira.
Faça favor.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr. Membro do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados: O que
resulta deste debate e de todo este processo em torno da reforma do IRS é o profundo desprezo que o
Governo e os partidos da maioria têm pelas dificuldades que os portugueses estão a passar e pelas
consequências desta política na vida dos portugueses.
O Governo e a maioria não têm um pingo de preocupação com os impostos que os portugueses vão pagar.
Fizeram desta reforma apenas arma de propaganda e de arremesso político e não querem saber
rigorosamente nada das preocupações justíssimas que os portugueses têm com a brutal carga de impostos
que foi imposta por este Governo sobre os rendimentos do trabalho.
Vozes do PCP: — Muito bem!
O Sr. João Oliveira (PCP): — E, como não têm nenhuma preocupação com isso, neste debate, procuram
desviar, com manobras de diversão, aquilo que é central.
Srs. Membros do Governo e Srs. Deputados do PSD e do CDS, aquilo que é decisivo nesta política fiscal
do Governo não é o quociente familiar, são os 3,2 milhões de euros a mais de impostos que os senhores
impuseram aos trabalhadores e ao povo português. É isso que é central e é essa discussão que os senhores
não querem fazer.
Portanto, procuram desviá-la, canalizando-a para o quociente familiar, com o Partido Socialista a «dar para
este peditório»!
Sr.as
e Srs. Deputados, quer do PS quer do PSD e do CDS, não é a alteração ao quociente familiar que
apaga os 3,2 milhões de euros de impostos a mais sobre os trabalhadores e o povo!
Aquilo que, de facto, pode inverter esta situação é uma outra política fiscal, que mexa nos escalões do IRS,
que reduza as taxas dos escalões mais baixos e intermédios, uma política que reveja o regime das deduções
à coleta, que acabe com as taxas liberatórias, que favorecem os rendimentos do capital. Isso é que permitiria
discutir uma outra política fiscal que acabasse com a injustiça fiscal que, hoje, recai sobre os trabalhadores e o
povo português.
Mas os senhores não querem discutir nada disto e confirmam que o brutal aumento de impostos que
impuseram em 2013 não era um brutal aumento de impostos temporário. É o vosso modelo de sociedade!
Saindo destas quatro paredes, está à vista o vosso modelo de sociedade: a pobreza e a miséria, que
impuseram aos trabalhadores e ao povo português; o brutal aumento de impostos, que querem manter
definitivamente sobre os trabalhadores; e a política dos vistos dourados para o capital e para os milionários. É
esse o vosso modelo de sociedade!
E não venham tentar desviar a conversa para fora das nossas fronteiras. Com as dificuldades que tem o
nosso País, com as dificuldades que encontram os portugueses, temos, hoje, o modelo de sociedade que os
senhores desejam, o modelo de sociedade em que a riqueza está concentrada numa meia dúzia de ricos e
poderoso e em que a esmagadora maioria dos portugueses paga essas fortunas com a miséria das suas
vidas, com a emigração, com o sofrimento, de que os senhores não querem dar conta.
Mas, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados da maioria, se pensam que ficam a falar sozinhos nesse
modelo de sociedade, de ruína e de injustiças, estão muito enganados. Porque nós vamos continuar a
confrontar-vos com uma alternativa…
A Sr.ª Presidente: — Queira concluir, Sr. Deputado João Oliveira.