I SÉRIE — NÚMERO 26
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Sr. Secretário de Estado, queria colocar-lhe uma pergunta concreta: o PCP apresentou uma proposta, uma
cláusula de salvaguarda que permite aos contribuintes optarem entre liquidar o IRS de acordo com as normas
da reforma do IRS ou liquidar o imposto de acordo com as normas vigentes em 2012, ano imediatamente
anterior ao assalto fiscal do Governo aos rendimentos do trabalho.
Sr. Secretário de Estado, o senhor tem repetido vezes sem conta que o aumento da receita fiscal em sede
de IRS se deve ao crescimento económico e ao combate à fraude e evasão fiscais. Se assim fosse, a
aprovação da cláusula de salvaguarda proposta pelo PCP não implicaria uma redução da receita fiscal.
Então, Sr. Secretário de Estado, está o Governo disponível para acolher a proposta do PCP? A maioria
PSD/CDS está disponível para aprovar a cláusula de salvaguarda que propomos? Estão disponíveis para
permitir que os contribuintes optem por liquidar o seu IRS de acordo com as regras de 2012? É que o não
acolhimento da nossa proposta equivalerá, Sr. Secretário de Estado, por parte do Governo e da maioria, a
uma confissão de que o vosso objetivo é a manutenção da injusta e crescente carga fiscal que recai sobre os
trabalhadores e o povo, equivalerá a uma confissão de que todas as alterações ao IRS visam apenas desviar
as atenções das injustas opções fiscais do Governo: a opção de esmagar os trabalhadores e o povo com
impostos para poderem continuar a favorecer de forma escandalosa o grande capital e a opção de utilizar a
crescente carga fiscal como um meio para atacar as funções sociais do Estado colocando os trabalhadores e o
povo perante a falsa escolha entre pagarem muitos impostos para suportar as funções sociais do Estado ou
abdicarem das funções sociais do Estado para pagarem menos impostos.
Insisto, pois, na pergunta, Sr. Secretário de Estado: está o Governo disponível para acolher a cláusula de
salvaguarda proposta pelo PCP?
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais.
O Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais: — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Paulo Sá, duas
clarificações.
Primeiro, o que eu disse foi que em 2013 e 2014, anos em que não houve qualquer alteração legislativa no
IRS, o aumento da receita se deve, por um lado, à melhoria da atividade económica e, por outro lado, ao
reforço da eficácia das medidas de combate à fraude e à evasão fiscais. O Partido Comunista deveria saudar
essas medidas que permitiram que o regime, hoje, seja mais justo, mais equitativo e mais eficiente contra a
evasão fiscal, a economia paralela e a fraude fiscal.
Segundo: o novo IRS, em 2015, depois da reforma aprovada por esta maioria e por este Governo, será um
imposto mais progressivo do que era o IRS em 2011 no tempo do anterior Governo socialista. Por isso, que
fique claro que há um reforço da progressividade do imposto e que este Governo entende que a
progressividade é importante para a justiça fiscal.
Sr. Deputado, esta reforma, por mais que isso lhe custe, irá determinar uma redução da tributação a cerca
de 1 milhão de famílias com filhos já a partir de 2015 e, em segundo lugar, irá permitir que cerca de 120 000
famílias de baixos rendimentos deixem de pagar IRS também já a partir de 2015.
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Então, podem aprovar a cláusula de salvaguarda. Não há problema!
O Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais: — E aí, Sr. Deputado, o Governo e esta maioria
mostram efetivamente as suas preocupações e sociais e que esta reforma também está fundada em fortes
preocupações sociais.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Pelo CDS-PP, para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Cecília Meireles.