6 DE DEZEMBRO DE 2014
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ideológico contra a presença do Estado em setores estratégicos para o País, preconceito ideológico contra um
Estado que defenda e salvaguarde os interesses estratégicos nacionais.
Temos um Governo e uma maioria que foram mais troiquistas do que a troica, um Governo que é mais
ultraliberal do que os próprios liberais.
O Partido Socialista não defende que tudo deva ser público, não diaboliza o investimento privado, antes
pelo contrário, mas também não defende que tudo deva ser privado, só porque sim, e não defende que o
Estado lave as mãos da defesa dos interesses estratégicos nacionais.
O Governo não legislou em tempo e de modo adequado para salvaguardar os interesses estratégicos
nacionais após a abolição da golden share. Tinha 90 dias, três meses, para legislar, e legislou ao fim de três
anos, sem consenso, sem diálogo e de um modo completamente inadequado. A Alemanha, por exemplo, e
outros países da União Europeia têm legislação que salvaguarda os interesses ao nível da defesa, da
segurança e do aprovisionamento, para cumprir a legislação comunitária, mas também ao nível da defesa da
política pública e do interesse público em setores estratégicos, o que, aqui, deveria e poderia aplicar-se.
Mas o Estado ainda pode, e deve, defender a Portugal Telecom, através das participações que tem e pode
mobilizar — através do Fundo de Resolução do Novo Banco, segurança social e Caixa Geral de Depósitos.
É isso que defendemos e é isso que propomos. E é isso que esperamos que os partidos da maioria ainda
viabilizem e que o Governo ainda faça, deixando de encolher os ombros, assobiar para o lado e defender
apenas e só uma profissão de fé nos mercados, não defendendo os interesses estratégicos nacionais.
Deixo uma última nota sobre os projetos apresentados pelo Partido Comunista Português e pelo Bloco de
Esquerda. Nós convergimos nas preocupações e respeitamos as posições que defendem, mas não as
acompanhamos em termos das soluções. Mas, naturalmente, poderemos ter convergências em termos daquilo
que é a defesa do interesse estratégico nacional que o Governo deveria prosseguir.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Afonso Oliveira.
O Sr. Afonso Oliveira (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: O debate sobre o papel do Estado
na economia, já aqui aflorado hoje, é da maior importância e sem dúvida enquadra muito o posicionamento
dos partidos neste Parlamento. Disso não temos dúvida.
Mas, sendo o nosso debate de hoje sobre a PT, importa dizer que a PT, sobre isso não temos dúvidas, é
uma empresa de referência no setor das telecomunicações,…
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Vamos ver até quando!
O Sr. Afonso Oliveira (PSD): — … pela sua dimensão, pela importância que tem para o País e para os
seus trabalhadores, pelo emprego que cria e pelo que representa a própria PT ao longo dos anos de vida que
tem.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — E vai daí?!
O Sr. Afonso Oliveira (PSD): — Todos temos consciência da importância que tem a PT, não é isso que
está aqui em causa, hoje.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — E vai daí?!
O Sr. Afonso Oliveira (PSD): — O que está aqui em causa, hoje, são propostas do Bloco de Esquerda, do
PCP e do PS para debatermos este caso da PT.
À semelhança do que defenderam em relação às empresas portuguesas no pós-25 de Abril, o Bloco de
Esquerda e o PCP vêm hoje propor um processo de nacionalização das empresas. Ora, isto não faz sentido!
Estamos perante uma empresa privada, pelo que essa proposta não faz qualquer sentido.