I SÉRIE — NÚMERO 27
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Chocante é o Governo não utilizar as participações que tem na segurança social, na Caixa Geral de
Depósitos, no Fundo de Resolução, no Novo Banco.
Chocante é «lavar as mãos», encolher os ombros e assistir à destruição de mais uma empresa.
A Sr.ª Sónia Fertuzinhos (PS): — Muito bem!
O Sr. Rui Paulo Figueiredo (PS): — Mas mais chocante é os Deputados do PSD e do CDS terem usado
tantos minutos de intervenção sem apresentarem uma única solução.
A Sr.ª Carla Rodrigues (PSD): — Qual é a solução?!
O Sr. Rui Paulo Figueiredo (PS): — A solução, Sr.ª Deputada, é o Governo mobilizar as participações que
tem para impedir a destruição da Portugal Telecom.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Mariana
Mortágua.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: Em primeiro lugar, gostaria de dizer,
relativamente ao PS, que as participações que neste momento o Governo tem não são suficientes para
garantir o objetivo desejado e por isso o Bloco de Esquerda foi mais longe na proposta que fez e quer o
controlo público da PT.
Gostaria de deixar duas notas aos Srs. Deputados Hélder Amaral e Afonso Oliveira, sobre o tempo em que
vivemos e o mundo em que vivemos.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Vai dizer quanto vai custar a solução do Bloco. Vamos ouvir!
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — O tempo em que vivemos e o mundo em que vivemos já não é o mundo
imaginário do PSD e do CDS, dos empresários e industriais privados, com planos de investimento de longo
prazo.
O mundo em que vivemos é o mundo dos fundos de investimento, é o mundo do capitalismo financeiro, é o
mundo da economia financeirizada. O mundo em que vivemos é um mundo em que a economia é controlada
por fundos de investimento abutres, com sede em offshore — não se sabe muito bem onde, mas onde quer
que seja pagam poucos impostos!… —, que compram e vendem participações de empresas para compor uma
carteira diversificada (com um bocadinho de banco em Portugal, um bocadinho de saúde na Grécia…) e que
vêm a Portugal porque Portugal está à venda! Portugal é uma ótima forma de entrada para grandes grupos
económicos, sejam eles angolanos, chineses, de onde quer que sejam, que vêm para cá compor a sua
carteira, que não gerem segundo os interesses de Portugal, nem de acordo com um plano industrial de longo
prazo mas, sim de acordo com a rentabilidade da sua carteira. E no dia em que a PT já não for rentável,
desfazem-se dela.
Este é o mundo em que vivemos e este é o mundo com o qual o PSD e o CDS compactuam todos os dias!
Srs. Deputados, daqui a 10 ou 20 anos a nossa geração, ou a que vier a seguir a nós, vai olhar para este
País, vai querer fazer alguma coisa deste País e não vai encontrar nada! E não vai encontrar nada porque foi
tudo vendido! O País está à venda empresa por empresa, bocado por bocado!
Srs. Deputados, relativamente a isto, temos de perguntar: quem é que é o irresponsável?
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Bruno Dias.
Pausa.