6 DE DEZEMBRO DE 2014
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proposta irresponsável? Porque poderiam ter dito que essa era a vossa forma de olhar para o problema. Só
que esta forma de olhar para o problema tem custos, o que está mais ou menos referenciado na vossa
iniciativa. Mas qual é o custo? Quais são as consequências? Sobre isso, nada dizem!
Por isso, acho irresponsável apresentar soluções, que, reconheço, são marcadamente ideológicas. Aliás, o
PS que, desde o último Congresso, faz um caminho em velocidade acelerada para a esquerda, quase
subscrevia os vossos projetos — teve aqui algum decoro, mas, no interior do último Congresso, subscreveriam
tudo, pois querem voltar a nacionalizar empresas e a não concordar com as regras do mercado.
Por isso, acho que, no mínimo, deveriam dizer quanto é que custaria ao contribuinte português, à empresa
e aos trabalhadores essa vossa solução.
Depois, também não é verdade que não se tenha debatido este tema. Na última reunião da Comissão de
Economia, na qual esteve presente o Sr. Ministro, sobre o tema do acordo União Europeia/Estados Unidos da
América, segundo sei, do que se falou foi, única e exclusivamente, da PT e o Sr. Ministro respondeu a todas
as perguntas que lhe foram feitas.
Obviamente que o Governo tem de acompanhar com atenção e com cuidado este processo, que tem de
ser transparente. É isso que cabe ao Governo: garantir que o processo seja transparente, que se cumpram
todas as regras da concorrência, que esta empresa continue a ser uma empresa com a capacidade
empregadora e com a importância que ela tem para a economia. No entanto, a responsabilidade da empresa
cabe aos seus acionistas, são os acionistas da empresa que têm a última palavra.
Termino dizendo que, se há um investidor — que não vou qualificar, porque não tenho nenhum problema
ideológico nem conceptual sobre os investidores — que investe em Portugal 7000 milhões de euros é porque
confia no Governo, é porque confia no País, é porque confia na economia, é porque confia na empresa e nos
trabalhadores portugueses.
Aplausos do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Rui Paulo
Figueiredo.
O Sr. Rui Paulo Figueiredo (PS): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados da maioria, o Governo é que não faz
nada…
O Sr. João Paulo Correia (PS): — Muito bem!
O Sr. Rui Paulo Figueiredo (PS): — … e, com todo o respeito, os Srs. Deputados é que não disseram
nada!
Aplausos do PS.
Fizeram um discurso fácil em que falaram mais dos outros partidos, falaram muito pouco do problema e
não apresentaram nenhuma solução. Esse é que é um discurso fácil, isso é que é chocante.
Chocante, Sr. Deputado, é o Governo ter 90 dias para regulamentar a salvaguarda dos interesses
estratégicos nacionais e só o fazer ao fim de três anos.
O Sr. João Paulo Correia (PS): — Muito bem!
O Sr. Rui Paulo Figueiredo (PS): — Chocante é legislar mal.
Chocante é comprometer-se a dialogar com os partidos da oposição, fazer com que esse diploma
descesse à Comissão para ser debatido em sede de especialidade e, depois, fazer uma pirueta em Plenário
na votação final global.
Chocante é não aproveitar a legislação alemã e de outros países que defendem e salvaguardam as
políticas públicas e o interesse público.