6 DE DEZEMBRO DE 2014
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O PCP acompanha as iniciativas legislativas de Os Verdes, do Partido Socialista e do Bloco Esquerda em
apreço e continuará a bater-se por um escrupuloso cumprimento da lei que garanta reais condições de
acessibilidade sem barreiras, recusando um caminho de retrocesso e perda de direitos conquistados pelas
pessoas com deficiência.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Idália Salvador Serrão.
A Sr.ª Idália Salvador Serrão (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Portugal tem um conjunto
de instrumentos legislativos que promovem a acessibilidade para todos os cidadãos e que já aqui foram
referidos, mas se o Governo não promover a sua aplicação, não se produzem as mudanças que são
desejadas por todos nós e que tão necessárias são às pessoas com debilidade condicionada.
Os autarcas têm desempenhado um papel determinante no desenho e na implementação dos planos de
mobilidade e das regras do desenho universal, mas o Governo não pode esperar apenas pelo efeito de
contágio positivo gerado pelos municípios.
Até 2015 — e não até 2017, como dizia o Sr. Deputado do PSD — está em vigor um Plano Nacional de
Promoção da Acessibilidade, que define medidas concretas no acesso aos transportes, ao edificado, à
comunicação, plano esse que foi criado em 2007, que seria objeto de avaliação intercalar e de redefinição de
medidas e de metas em 2010, mas sobre o qual nada sabemos desde 2011.
Aliás, o Governo nunca colocou a acessibilidade para todos na sua agenda política e promoveu até o
incumprimento, quando no Decreto-Lei n.º 53/2014 veio simplificar os procedimentos de reabilitação do
edificado, retirando a obrigatoriedade de cumprimento das normas que promovem e asseguram a
acessibilidade ao edificado.
Vozes do PS: — Muito bem!
A Sr.ª Idália Salvador Serrão (PS): — Na verdade, o Governo continua a não querer colocar a questão da
acessibilidade e da mobilidade para todos na agenda política e é por isso que se desconhece o estado da arte
da promoção da acessibilidade em Portugal.
Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: O impacto da acessibilidade decorre das ações e não de meras
intenções e a promoção da igualdade de oportunidades também nesta matéria não é apenas uma tarefa dos
autarcas e da sociedade civil, mas o Governo continua a não querer entender.
As propostas que aqui hoje se apreciam e que iremos votar indicam a criação de novos instrumentos e de
novas estratégias. Ora bem, se o Governo não quer cumprir a legislação em vigor, então que crie novos
instrumentos e que os aplique. Fundamental mesmo é que se possa fazer da acessibilidade para todos uma
oportunidade de desenvolvimento económico e estratégico do território e um instrumento de promoção de uma
efetiva igualdade de oportunidades para todos os cidadãos. E se ele é tão necessário, e cada vez mais, Sr.as
e
Srs. Deputados!
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Raúl de Almeida.
O Sr. Raúl de Almeida (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr.as
Deputadas e Srs. Deputados: Eu preferia,
apesar de ser sempre um gosto ouvir a Sr.ª Deputada Idália Serrão, não ter ouvido esta última intervenção do
Partido Socialista.
Este debate não será, provavelmente, notícia, não abrirá telejornais, não terá destaque na imprensa, mas é
um exemplo de como neste Parlamento também se faz política, gerando-se consenso em torno das questões
mais importantes para as pessoas, essencialmente para aquelas que menos possibilidades têm de fazer ouvir
a sua voz.