I SÉRIE — NÚMERO 27
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É inadmissível que, face a estes instrumentos já hoje existentes, cheguemos ao final de 2014 e ainda
encontremos situações como a do Centro de Saúde Baixa da Banheira, que tem uma escadaria estreita, em
que as pessoas que têm dificuldade de mobilidade não conseguem aceder sem ajuda.
Sr.as
e Srs. Deputados, não é admissível atender a situações como, por exemplo, a do Tribunal de Trabalho
de Coimbra, que tem uma escadaria imensa, sem rampas de acesso, onde as pessoas com mobilidade
reduzida são carregadas ao colo para chegar ao Tribunal.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Estas situações, de facto, merecem um olhar atento da
Assembleia da República e, mais do que um olhar, um impulso para a ação.
Os Verdes têm apresentado, de Orçamento do Estado em Orçamento do Estado, um conjunto de verbas
específicas destinadas à eliminação das barreiras arquitetónicas. A maioria tem chumbado, consecutivamente,
estas propostas de Os Verdes, que julgamos que eram passos fundamentais para a concretização dessa
eliminação de barreiras arquitetónicas.
Contudo, propomos, através deste projeto de resolução, que o Governo remeta à Assembleia da
República, urgentemente, uma avaliação do grau de cumprimento do Decreto-Lei n.º 163/2006, que há pouco
referimos.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Muito bem!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Propomos também que o Governo proceda ao levantamento, ao
nível de todo o território nacional, dos edifícios que prestam serviços públicos, portanto atendimento aos
cidadãos, que contêm problemas de acessibilidade ou de mobilidade para pessoas com necessidades
especiais.
Por fim, propomos que crie uma proposta de estratégia de ação com um largo envolvimento e participação
das autarquias, das associações, dos movimentos e dos cidadãos em geral e que estabeleça objetivos
concretos, doravante, para a eliminação das barreiras à acessibilidade e à mobilidade das pessoas com
necessidades especiais.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para apresentar o projeto de resolução do BE, tem a palavra a Sr.ª
Deputada Mariana Aiveca.
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Creio que a problemática das
pessoas com deficiência é alvo, muitas vezes, de discursos consensuais feitos neste Parlamento, e não só,
porque todos e todas temos a perceção de que é na diferença que consubstancia a igualdade. Mas, em
termos práticos, verificamos que a eficácia das medidas nem sempre é uma realidade.
Quando falamos de barreiras arquitetónicas, podemos concluir que a lei existente — o Decreto-Lei n.º
163/2006 — é uma boa lei, bem como as decisões que foram tomadas depois, nomeadamente o Plano
Nacional de Promoção da Acessibilidade.
Mas a verdade é que, aqui chegados, constatamos que não só estas leis não são cumpridas, pese embora
tenham períodos transitórios bastante grandes — no caso do edificado público 10 anos e no caso do edificado
habitacional 8 anos — e estamos exatamente no limite dessa norma transitória dos 8 anos, em 2014, como
também muito mais deveria ter sido feito.
Por isso, não é de mais a apresentação de iniciativas legislativas que reconheçam que muito há que fazer
não só nos edifícios públicos, nos centros de saúde e no acesso aos serviços públicos, nomeadamente nos
transportes onde muito mas muito pouco foi feito para que os cidadãos com deficiência tenham melhor
qualidade de vida.
Assim, o Bloco de Esquerda traz hoje uma iniciativa legislativa no sentido de recomendar ao Governo que
cumpra a legislação em vigor.