13 DE DEZEMBRO DE 2014
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… repito, vendeu o BPN por tostões ao BIC,…
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Isso é demagogia! E demagogia barata!
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — … e ficou com todo o crédito malparado nos cofres do Estado. É,
provavelmente, o único banco no mundo sem crédito malparado, porque são os contribuintes portugueses que
o estão a pagar. Foi uma venda a favor!
Fez mais: deixou que o BIC despedisse os trabalhadores do BPN e que os custos desse despedimento não
só a nível do desemprego que causou ao País mas os próprios custos diretos do despedimento fossem pagos
pelo Estado português.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Muito bem!
Vozes do PSD: — Não é verdade!
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — E 40 milhões de euros — sabe o Sr. Primeiro-Ministro tão bem como eu
— é um valor abaixo de todas as avaliações que foram feitas na altura.
A Sr.ª Cecília Honório (BE): — Muito bem!
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Devia ter lido o relatório!
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sim, o Sr. Primeiro-Ministro faz favores, e muitos! Não tem feito é,
certamente, aos portugueses mas, sim, ao capital estrangeiro a quem anda a vender o País aos bocados.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Vamos prosseguir, Srs. Deputados.
O próximo pedido de esclarecimento cabe a Os Verdes.
Tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, estou a constatar que,
exatamente com a mesma convicção com que o Sr. Primeiro-Ministro, em 2011, assegurou aos portugueses
que não aumentaria impostos, que não cortaria salários, que o PSD tinha as contas magnificamente bem feitas
e que não seria necessário nada disso, vem agora, permita-me também acrescentar, com a mesma
desfaçatez, dizer que as vossas políticas não agravaram as desigualdades, que o emprego aumenta de forma
sustentável e que a precariedade até diminuiu.
Sr. Primeiro-Ministro, quem vive realmente a vida dura, real, do País percebe que não está a falar verdade.
Sr. Primeiro-Ministro, todos os dias, nas notícias, em diversos relatórios, vamos sabendo que, apesar da
crise, em Portugal, os ricos conseguiram ficar mais ricos e que a bolsa de pobreza aumentou — mais pessoas
que não eram pobres caíram na pobreza — e o Sr. Primeiro-Ministro diz que as desigualdades não se
agravaram?!
A taxa de risco da pobreza infantil aumentou — 30% das crianças deste País vivem na situação de risco de
pobreza, o que é absolutamente inacreditável — e o Sr. Primeiro-Ministro vem dizer que temos um Governo
altamente sensível do ponto de vista social?! Não é possível, Sr. Primeiro-Ministro!
Depois, vem dizer que o emprego aumenta de forma sustentável e que, relativamente aos estágios — que
são, na verdade, o grosso desse emprego que o Governo diz que aumenta —, a 70% das pessoas é garantida
empregabilidade, que são os dados que o demonstram. Quero perguntar-lhe: essa empregabilidade conta com
estágios sucessivos? Uma pessoa que sai de um estágio e que cai noutro e noutro, isso conta para a
empregabilidade, dado que o Governo agora entendeu que um estagiário é um empregado?!
O Sr. David Costa (PCP): — Bem lembrado!