I SÉRIE — NÚMERO 30
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O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Sr. Primeiro-Ministro, queria também dizer que é bom que haja
clareza política nesta matéria, porque, de duas uma, ou queremos que tudo fique como está, com os
problemas que existem e que a oposição não deixa de criticar quando existem, ou queremos que o Estado
faça uma recapitalização.
Descobrimos, hoje, que o Partido Socialista tem uma nova política europeia, em que acha que pode
contornar as políticas de concorrência da União Europeia — e, já agora, o Sr. Primeiro-Ministro podia
esclarecer esta matéria, porque é uma matéria didática.
Mas, Sr. Primeiro-Ministro, dando de barato, que não dou, que isso seja possível, era bom que o Partido
Socialista, também aqui e agora, pudesse assumir… É que, se não houver uma privatização da TAP, terá que
haver recapitalização. Essa recapitalização é feita através do Estado e, se for feita através do Estado, tem que
ser feita com recurso a impostos.
O Sr. Mota Andrade (PS): — Não tem que ser assim!
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Era importante que o Partido Socialista dissesse qual seria o imposto
que aumentava para conseguir os 300, 400 ou 500 milhões de euros que são necessários para recapitalizar a
TAP.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
Não basta retórica, é preciso propostas, Srs. Deputados.
Queria dizer-lhe, Sr. Primeiro-Ministro, que ficaram aqui muito claros dois modelos de desenvolvimento
económico completamente diferentes.
O Sr. Primeiro-Ministro referiu, e bem, no elenco que fez dos números das exportações — 9,4% em
outubro, em relação ao mês homólogo do ano passado, 13,8% em relação ao mês anterior —, sobretudo, o
facto de exportarmos mais para mais sítios, para fora da Europa, nomeadamente tendo em atenção a situação
europeia que neste momento vivemos, e o facto de o défice da balança comercial ter diminuído em cerca de
190 milhões de euros e de a taxa de cobertura ter aumentado para 81%.
O Sr. Primeiro-Ministro aproveitou — a meu ver, bem — para elucidar dois tipos de modelos de
desenvolvimento económico: o do passado, 2005-2011, em que assenta o investimento público pelo
investimento público numa economia dirigista que conduziu Portugal a uma situação de insustentabilidade
financeira por força do endividamento público, privado, interno e externo, a que fomos obrigados, e o modelo
baseado numa economia aberta, desgovernamentalizada, onde o Estado procura desempenhar um papel
regulador forte e, ao mesmo tempo, que assente nestes números e nestas exportações.
Sr. Primeiro-Ministro, permita-me dizer que mais do que uma diferença entre dois modelos de
desenvolvimento económico, o da maioria e o do maior partido da oposição, há também uma diferença de
atitude.
Da parte desta maioria, Sr. Primeiro-Ministro, ficou claro ao longo das últimas semanas que, por exemplo,
no IRS, queríamos dialogar, queríamos consenso. Entendemos que, neste momento, o País precisa de
soluções e precisa de todos, nomeadamente para combater o desemprego, que continua com uma taxa muito
alta. Por isso, apresentámos propostas.
Mas, mais do que apresentar propostas, Sr. Primeiro-Ministro, tivemos a humildade de ir ao encontro das
propostas do maior partido da oposição, exceto quanto ao quociente familiar, que permitirá a cerca de um
milhão de famílias terem, já no próximo ano, um desagravamento fiscal.
E o que é que o Partido Socialista fez? Na ânsia de discordar, na ânsia de em nada consensualizar,
primeiro, disse que se tratava de uma discriminação grave, porque não englobava as famílias monoparentais,
e que era até ideológica — recorda-se, certamente, Sr. Primeiro-Ministro —, mas, depois, esse argumento
desapareceu, desvaneceu-se. E porquê? É simples, Srs. Deputados: porque era falso! Porque não era
verdade! Porque não correspondia à lei!
Aplausos do CDS-PP.