13 DE DEZEMBRO DE 2014
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Protestos do PS.
Percebemos que o Partido Socialista tinha um objetivo: votar contra em qualquer caso para demarcar, para
dizer que há um novo ciclo, que há um virar de página.
Só que virou tanto, Sr. Primeiro-Ministro, que conseguiu ultrapassar pela esquerda a esquerda mais à
esquerda. Porque a esquerda mais à esquerda percebeu que se trata de uma medida de desagravamento
fiscal para as famílias; percebeu que uma família que ganha 1000 €/mês, 14 000 €/ano brutos, não é uma
família rica, como dizia o Partido Socialista, é uma família de classe média; percebeu que se trata de um
desagravamento fiscal para quem foi mais afetado, ou seja, a classe média; e percebeu que era altura de este
Governo fazer este justo benefício para a classe média, sem prejudicar aqueles que não podem, ou não
querem, ter filhos ou outros descendentes a cargo.
A Sr.ª Presidente: — Queira concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Para concluir, Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, queria dizer que,
evidentemente, temos muitos e importantes desafios, desde logo ao nível do crescimento e da criação de
emprego. Estamos, aliás, numa semana importante, em que vamos ter também um debate sobre o
crescimento económico ao nível da União Europeia, com o chamado «plano Juncker».
Pela primeira vez, Portugal conseguiu inscrever um programa operacional específico para o emprego e a
inclusão social, que vai permitir um investimento de 1000 milhões de euros em 2015, repartidos por fundos
europeus e nacionais, para a criação de emprego.
Sr. Primeiro-Ministro, gostaríamos de saber mais sobre esta matéria, porque isto interessa bem mais aos
portugueses do que a tal lagosta ou o tal mexilhão.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Nuno Magalhães, a questão que colocou em
torno do processo de privatização da TAP é bastante importante e vem, de resto, ao encontro da necessidade
de deixar inteiramente respondida essa questão, que foi suscitada também pela oposição e à qual, por razões
várias, acabei por não ter oportunidade de responder.
Em primeiro lugar, creio que é importante esclarecer que o contexto em que as declarações da Comissária
europeia têm sido citadas é diferente daquele que, às vezes, aparece na retórica parlamentar.
A Comissária europeia respondeu aquilo que se pode responder em abstrato. É sempre possível
considerar uma hipótese em que auxílios de Estado sejam suscetíveis de serem aprovados pela Direção-Geral
de Concorrência e pela Comissão Europeia — com certeza que sim, é sempre possível em teoria. E, em
teoria, isso está associado a um programa, é, como a Comissária referiu, uma espécie de «tiro único» que se
pode realizar de uma vez só, uma única medida realizada por uma única vez que está associada a um
programa de reestruturação relevante da empresa.
É claro que a Comissão Europeia só pode pronunciar-se em concreto se um plano dessa natureza for
apresentado e só pode julgar como suscetíveis de colher o apoio da Comissão Europeia os auxílios de Estado
que possam estar associados a uma recapitalização de uma empresa pública neste setor em função de um
projeto em concreto.
Sabemos em concreto o que é que aconteceu com a Alitalia, que passou por um processo destes, tendo o
mesmo sido encarado positivamente pela Comissão Europeia.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Bem lembrado!
O Sr. Primeiro-Ministro: — O que é se passou com a Alitalia? Foi simples: um conjunto de empresas
públicas foram chamadas a fazer a recapitalização de uma parte da empresa e ela foi cindida ao meio. Então,
o que é que se fez? Deixou-se na «melhor empresa» as melhores rotas e deixou-se o pessoal e as piores