I SÉRIE — NÚMERO 32
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A privatização da ANA é uma autoestrada de riqueza que sai do País, ao mesmo tempo q ue, desde a
privatização, já não chegam os dedos de uma mão para contar os aumentos que tivemos nas taxas
aeroportuárias.
As privatizações são o exemplo da perda de riqueza do País e de como todas elas nos saíram bem caro,
porque outros ficaram a ganhar muito com elas.
É verdade que muitos deles estão fora do País, é verdade que muitos outros estão cá e têm nomes.
Por isso, Sr. Ministro, a primeira pergunta é saber o que fez o Governo para impedir este caminho de
destruição da riqueza nacional.
Creio que não irá responder diretamente a esta pergunta, porque, se o fizesse, teria de dizer que o
Governo contribuiu para este caminho. O Governo não parou de privatizar: continuou, continuou, continuou a
privatizar. E fê-lo naquilo que era essencial. Na eletricidade, continuou a privatizar; nos transportes, continuou
a privatizar; na TAP, quer continuar a privatizar.
Por isso, Sr. Ministro, no que é essencial, o seu Governo não tem feito diferente de outros, tem seguido o
mesmo caminho e tem tentado ser campeão das privatizações.
E, no que diz respeito à TAP, o novo ciclo que hoje, aqui, o Sr. Ministro anunciou não é nem de emprego,
nem de riqueza. O novo ciclo só pode ser de autoritarismo, porque, quando olhamos para o que está a
acontecer, vemos um Governo que vai negociar ilegalmente,…
O Sr. Afonso Oliveira (PSD): — Ilegalmente?!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — … vai obrigar, com a requisição civil, os trabalhadores, aqueles que
estão a defender o País porque estão a defender o que é essencial e estratégico para o País, a trabalhar.
Portanto, aquilo que vemos é que o novo ciclo não é outra coisa a não ser de autoritarismo.
A Sr.ª Cecília Honório (BE): — Exatamente!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Por isso, responda aqui, Sr. Ministro: é esse o novo ciclo? É esta a
forma de defender o País, atirando com a requisição civil sobre aqueles que estão a defender os seus postos
de trabalho, a riqueza, o que é estratégico aos que vivem cá e aos que por este Governo foram obrigados a
sair de cá? É esse o novo ciclo, de autoritarismo, que tem para apresentar?
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Afonso
Oliveira.
O Sr. Afonso Oliveira (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, os portugueses, os trabalhadores
portugueses, as empresas e os empresários portugueses, felizmente, já perceberam ao longo destes últimos
quatro anos o que algumas forças partidárias representadas neste Parlamento ainda não perceberam — e não
sei se alguma vez irão entender, como se viu pelas últimas intervenções a que acabámos de assistir.
Perceberam que o modelo de desenvolvimento seguido pelos anteriores Governos do Partido Socialista
estava absolutamente errado; que o crescimento da economia suportado no aumento da despesa pública com
recurso a endividamento adicional do Estado é insustentável; que Portugal e os portugueses estão a pagar
muito caro políticas de governo que endividaram o País, aprisionaram a economia e desvalorizaram as
empresas. E, ao contrário do que o que aqui foi hoje dito pelo Partido Socialista, é claramente com o
crescimento da economia que se suporta o Estado social, não é de outra forma.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Afonso Oliveira (PSD): — É o papel que tem sido desenvolvido pelas empresas na economia
portuguesa que trazemos hoje a debate, e o Sr. Ministro já o fez aqui, na sua primeira intervenção.