23 DE JANEIRO DE 2015
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Quando acusamos o Governo de desenvolver uma política de ataque e desinvestimento no Serviço
Nacional de Saúde é de tudo isto que falamos, e a rutura nos serviços de urgência aí está a confirmar que
temos razão quando acusamos o Governo de condenar os portugueses à morte antecipada.
Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: A situação de rutura que afeta, de norte a sul do País, os serviços de
urgência dos hospitais não é pontual, não é de agora.
A rutura dos serviços de urgência está instalada há muitos meses. Há muitos meses que os doentes
esperam muitas horas para serem atendidos nos serviços de urgência. A situação de rutura em que se
encontram os serviços de urgência não é conjuntural, contrariamente ao que o Governo diz. É uma situação
estrutural, e o Governo sabe-o muito bem!
Desde o último debate com o Ministro da Saúde, há quinze dias, os problemas não se resolveram, antes
pelo contrário houve um agravamento da situação e tornou-se mais evidente o prejuízo que o Governo está a
causar aos doentes.
Os últimos dias têm sido férteis em anúncios, por parte do Governo, de medidas para resolver o caos das
urgências. Medidas que, contrariamente ao que o Governo diz, não solucionam definitivamente o problema,
apenas o poderão mitigar.
Vejamos, então, algumas dessas medidas. A medida que autoriza os hospitais e centros hospitalares a
contratarem profissionais não resolve o problema, pois os hospitais só podem contratar desde que não
ultrapassem os montantes previstos para 2014.
A medida que prevê o alargamento do horário de funcionamento dos centros de saúde só vigorará até ao
final do mês de fevereiro. E o que acontecerá depois?
A medida que permite a reabertura de camas nos hospitais fica muito aquém das necessidades, já que o
número de camas encerradas no passado é muito superior às que agora são abertas. E — pasme-se! —, esta
medida, que tem como objetivo desviar os doentes dos hospitais públicos para os hospitais privados,
demonstra inequivocamente que o Governo se orienta por razões que não são as do interesse público e da
salvaguarda do Serviço Nacional de Saúde; antes pelo contrário, a ação do Governo continua a ser norteada
no sentido de favorecer os grandes grupos económicos do setor da saúde em prejuízo dos utentes.
Sr.ª Presidente, Srs. Deputados, perante o desastre que está criado na saúde, PSD e CDS tentam fugir às
suas responsabilidades e queriam impedir que o Ministro da Saúde viesse prestar contas à Assembleia da
República.
Porque não querem PSD e CDS debater o problema? O que temem os Deputados do PSD e do CDS?
Temem o confronto com a realidade, temem o confronto com o resultado das opções políticas do Governo no
Serviço Nacional de Saúde e nos serviços de urgência!
O PCP exige que essas responsabilidades sejam assumidas e, por isso, utilizamos o direito potestativo
para exigir a presença do Ministro da Saúde na Assembleia da República, impedindo que CDS e PSD possam
furtar-se ao debate.
E faremos mais: o PCP não se furta ao debate e quer continuar a ouvir de viva voz as dificuldades sentidas
pelos utentes e pelos profissionais de saúde.
Por isso, realizaremos já no próximo dia 30 uma audição pública, aqui, na Assembleia da República, sobre
as questões da saúde e pela defesa do Serviço Nacional de Saúde.
Sr.ª Presidente, Srs. Deputados, é preciso pôr fim à destruição do Serviço Nacional de Saúde levado a
cabo pelo Governo! É preciso travar esta política e este Governo!
É preciso pôr fim à política que todos os dias impede que milhares de portugueses acedam aos cuidados
de saúde e procura poupar à custa da vida dos portugueses.
Perante problemas que são estruturais e não conjunturais, é necessário mudar de políticas. É necessário
contratar profissionais e valorizá-los social e profissionalmente, integrando-os nas carreiras e promovendo a
estabilidade laboral.
É necessário pôr cobro à contratação de empresas de trabalho temporário.
É necessário reforçar os cuidados de saúde primários através da reabertura de centros e extensões de
saúde que foram encerradas por este e anteriores governos.
É necessário fazer investimento no Serviço Nacional de Saúde, dotando-o de meios materiais e financeiros
que possibilitem a prestação de cuidados de saúde de qualidade.