I SÉRIE — NÚMERO 60
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Protestos do Deputado do PCP Jerónimo de Sousa.
Sr. Deputado, ouça, por favor, porque acho que é importante ouvir as respostas às perguntas que coloca.
Como eu estava a dizer, apesar de vivermos numa economia social de mercado, dadas as circunstâncias
difíceis por que passámos, o Estado legislou — este Parlamento e o Governo — de modo a criar contribuições
especiais justamente para quem tem resultados excecionais mais elevados:…
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — É verdade!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … contribuição extraordinária para a eletricidade e energia, de um modo geral;
contribuição extraordinária sobre os bancos; contribuição extraordinária sobre o IRC.
Quer dizer, quanto mais elevados os resultados, maior é a contribuição extraordinária.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Subiu por duas vezes os impostos!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Havemos de remover tudo o que é extraordinário, na medida em que
consigamos regularizar a situação do País.
Já estamos a fazê-lo com os salários da função pública; fizemo-lo, embora mais do que aquilo que estava
nas nossas pretensões, relativamente a certo tipo de pensões, mas fizemo-lo até por força da decisão do
Tribunal Constitucional,…
O Sr. David Costa (PCP): — Ah!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … e, Sr. Deputado, não deixámos nunca, em tempos excecionais, de adotar
medidas excecionais. As medidas excecionais aplicaram-se, justamente, a quem tinha mais!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Isso não é verdade!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Portanto, Sr. Deputado, não percebo como é que diz que vai por aí uma
indignação, porque a haver dois pesos e duas medidas, foram não no meu caso pessoal mas no caso
daqueles que têm rendimentos mais elevados nas empresas ou nos setores como o da energia ou o
financeiro, e legislou-se no sentido de reforçar o contributo social que se deveria exigir a esses setores.
Portanto, é exatamente ao contrário, Sr. Deputado.
A Sr.ª Presidente: — Queira concluir, Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Termino, Sr.ª Presidente, recordando ao Sr. Deputado que os preços da
eletricidade serão muito menores do que seriam sem as medidas que adotámos. E sublinho que todas as
medidas que visam eliminar o défice tarifário, bem como aquelas que foram adotadas agora e que se
repercutem diretamente nos preços, importaram numa diferença de valores muito grande seja para os
domésticos, seja para os industriais. Os aumentos da eletricidade situam-se em valores dentro do que pode
ser acomodado e não ao nível dos dois dígitos, que era aquilo que aconteceria se essas medidas não
tivessem sido adotadas.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Os salários reduzem, mas os preços aumentam!
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Catarina Martins, para uma pergunta.