12 DE MARÇO DE 2015
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O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Digo, digo!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Eu não decidi nada, enquanto Primeiro-Ministro ou enquanto Governo, em
favor da minha situação pessoal. Nada, Sr. Deputado! Já o disse publicamente. Não o disse aqui para não
estar sempre a dizer as mesmas coisas, mas já o disse. Nunca utilizei o meu cargo para nenhum benefício
pessoal.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Mas aplicou aos outros!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Deputado, apliquei aos outros aquilo que, penso, é uma obrigação
relativamente a todos. Não foi só aos outros. Foi aos outros e a mim.
Sr. Deputado, não houve nenhuma lei que este Parlamento tivesse aprovado, desde que sou Primeiro-
Ministro, que me tivesse isentado fosse do que fosse. As leis são para toda a gente, Sr. Deputado! Não há
dois pesos nem duas medidas!…
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Protestos do Deputado do PCP Jerónimo de Sousa.
Se o Sr. Deputado me disser: «Bem, mas hoje o Estado combate mais a evasão do que o fazia antes», isso
é verdade.
Protestos do PCP.
Mas, Sr. Deputado, deixe-me dizer-lhe que eu nunca, mas nunca, tive comportamentos de evasão fiscal.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Eu também não disse isso!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Gostaria de deixar isso muito claro.
Sr. Deputado, todas as leis que se fizeram, seja a fatura eletrónica, seja ao nível do reforço dos meios de
combate à evasão fiscal, acho que são positivas para todos. O Sr. Deputado, que tantas vezes aqui se
indignou pelo facto de haver muita gente, de modo informal, a fugir às suas obrigações, não deve estar contra
isso, com certeza!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Usa, para si, uma argumentação que não deixa aos outros!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Quanto ao argumento moral que o Sr. Deputado faz no sentido de saber como
é que agora o Estado e eu, como Primeiro-Ministro, insistimos na cobrança coerciva depois do que me
aconteceu, pergunto: porquê, Sr. Deputado? Eu não cumpri? Eu não regularizei? Eu não paguei?
Protestos do PCP.
Eu fiz alguma coisa que, para o meu próprio estatuto ou situação fosse diferente do que é para qualquer
outra pessoa? Não, Sr. Deputado! Era só isto que eu gostava de responder com muita clareza.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Pagou quando?!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Diz o Sr. Deputado: «Então, e os preços da eletricidade e os resultados de
empresas que são distribuídos por acionistas?». Sr. Deputado, nós vivemos numa economia social de
mercado. O Estado impôs, durante este período, apesar de vivermos…