I SÉRIE — NÚMERO 60
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altura em que o senhor sabia que tinha esse problema com a segurança social?! Votaram contra, no
Orçamento do Estado, e votaram contra, aqui, há 15 dias. Acha isso bem, Sr. Primeiro-Ministro?!
Aplausos do PS.
Para terminar, só lhe queria perguntar o que é que o Sr. Primeiro-Ministro entende do ambiente de
intimidação que muitos trabalhadores da administração fiscal, tributária e aduaneira me relataram, desde que,
numa ação de formação para 300 inspetores, foi anunciado, por um dirigente dos serviços de auditoria, que
existia uma espécie de bolsa VIP e quem fosse mexer nos nomes dessa bolsa VIP tinha uma penalização. É
verdade ou é mentira? Há ou não essa bolsa VIP? Com que critério há uns VIP e outros não? Há ou não,
atualmente, processos disciplinares e com que razões, Sr. Primeiro-Ministro? Tem de nos responder, Sr.
Primeiro-Ministro!
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — O Sr. Primeiro-Ministro dispõe ainda de algum tempo, não muito, pelo que tem a
palavra.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Ferro Rodrigues, em primeiro lugar, sobre a
questão dos 700 000 trabalhadores que cumpriam as suas obrigações,…
O Sr. Ferro Rodrigues (PS): — A recibos verdes!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … como trabalhadores independentes, deixe-me dizer-lhe que já reconheci
que não tinha conhecimento dessa obrigação. Eu disse-o. O Sr. Deputado pode querer ouvir outra coisa, mas
eu, evidentemente, só lhe posso responder com a verdade. Mas posso dizer-lhe, a contrario sensu, que, se
tivesse consciência de que essa falha existia, não estava, com certeza, à espera de ser Primeiro-Ministro para
que ela me fosse apontada. Isto parece-me uma conclusão meridiana, Sr. Deputado.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Agora, diz o Sr. Deputado: «Mas havia muitos que tinham essa consciência e que pagavam». Ó Sr.
Deputado, mas havia também muitos outros que não tinham,…
O Sr. Ferro Rodrigues (PS): — Emigraram!
O Sr. Primeiro-Ministro: — O que interessa, do meu ponto de vista, não é isso, é o seu argumento moral
ao contrário. É que o Sr. Deputado diz: «Como é que os senhores votaram contra uma proposta do Partido
Socialista que introduzia exceções nas cobranças coercivas para cidadãos em falta?!».
O Sr. Ferro Rodrigues (PS): — Nas penhoras!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sim, no que respeita a penhoras.
A minha observação é apenas uma: o Sr. Deputado defende, com certeza, que o Estado deva cobrar
coercivamente aquilo que está em falta?! Presumo que o Sr. Deputado concorde com isto… Se o Sr.
Deputado concordar com este princípio, uma vez que também foi Ministro com responsabilidade nesta área,
se o Sr. Deputado concordar que o Estado não deve deixar prescrever situações destas, que as deve
comunicar e, devendo comunicá-las, deve fazer a cobrança coerciva, estamos os dois de acordo. E quero
dizer, Sr. Deputado, que, nesse caso, não incluí a minha situação contributiva, porque não fui notificado pela
segurança social dessa matéria.
O Sr. Ferro Rodrigues (PS): — Os 700 000 também não!