I SÉRIE — NÚMERO 60
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Protestos do PSD.
A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, deixemos o Sr. Deputado Ferro Rodrigues prosseguir.
Faça favor.
O Sr. Ferro Rodrigues (PS): — Sr. Primeiro-Ministro, há cinco motivos para que este não seja um caso
pessoal, mas, sim, uma questão política, e eu vou dizer-lhe quais são.
Primeiro motivo: o senhor tomou conhecimento em 2012 — já era Primeiro-Ministro — que tinha dívidas à
segurança social. Tomou conhecimento em 2012 e pagou, não sei se todas e nem é isso que, neste momento,
me move. Foram dadas informações, foram feitas muitas perguntas sobre isso, as quais não foram totalmente
respondidas.
O que me surpreende, sinceramente, é como é que um Primeiro-Ministro sabe, em 2012, portanto um ano
depois de estar no Governo, que tem dívidas e não procura imediatamente regularizar a situação. Foi preciso
chegarmos a 2015 e haver a insistência de um jornalista para regularizar a situação. É por isso que esta é uma
questão política, porque o atinge enquanto Primeiro-Ministro e não quando era um trabalhador independente,
antes de ser Primeiro-Ministro.
Aplausos do PS.
Segundo motivo: as variadas e contraditórias justificações que o Sr. Primeiro-Ministro deu. Não vou maçá-
los a ler essas justificações todas. Resumindo: em primeiro lugar, disse, em 28 de fevereiro, que desconhecia
a existência de eventuais incumprimentos. Depois, em 2 de março, disse que estava convencido de que os
descontos para a segurança social eram opcionais. Em 3 de março, disse que assim que o chamam a atenção
para alguma coisa corrige imediatamente, mas verifica-se que não foi exatamente o que se passou. E numa
entrevista ao Sol fala em distração e em falta de dinheiro, que é uma coisa que atinge muitos portugueses,
mas os portugueses em geral não podem usar isso como justificação. Este é o segundo motivo político, ou
seja, a total confusão nas suas explicações.
Terceiro motivo: os seus amigos, os seus apoiantes. Com amigos destes, diria que não é preciso ter
adversários.
Quando o Sr. Ministro Mota Soares veio dizer que a culpa foi dos serviços da segurança social e que havia
muita gente nas mesmas circunstâncias, ele próprio, o Ministro, despejou um barril negativo sobre os seus
próprios serviços, o que é lamentável.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — E sobre o Ministro da altura?!
O Sr. Ferro Rodrigues (PS): — Quando o Sr. Presidente da República veio dizer que um Presidente de
bom senso deixa aos partidos as suas controvérsias político-partidárias que já cheiram a campanha pré-
eleitoral, digo que, realmente, o Presidente da República, que foi a pessoa, depois do 25 de Abril, que teve
mais campanhas eleitorais, pré-eleitorais e que teve metido em controvérsias político-partidárias, querendo
ajudá-lo, só o desajudou, Sr. Primeiro-Ministro. Com amigos destes, não vai muito longe.
Quarto motivo: o moralismo. Como dizia o Joaquim Vieira, o Sr. Primeiro-Ministro já não é o Pedro Passos
Coelho do rigor, dos princípios inflexíveis, da disciplina sem exceção, da execução de um programa custe o
que custar, da ultrapassagem da troica,…
Protestos do CDS-PP.
… do imperioso empobrecimento da população, do abandono da zona de conforto, da exigência fiscal, da
cobrança coerciva de impostos, do agravamento das multas aos prevaricadores, da perseguição aos
incumpridores e aos distraídos.