I SÉRIE — NÚMERO 60
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A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, este debate já serviu para alguma
coisa.
Vozes do PSD:— Ah!
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Fica a pergunta de quando pagou e porque é que pagou.
O Sr. Primeiro-Ministro soube em 2012 que tinha uma dívida e, segundo acabou de dizer, só a pagou em
2015. Esperou três anos sem pagar. A sua distração é algo estranha, porque, durante cinco anos, o Sr.
Primeiro-Ministro, que já tinha sido Deputado, acreditou que a segurança social era uma espécie de brinde
para os recibos verdes, que, depois, tinham direito à reforma sem terem de a pagar. Bem, as outras pessoas
sabiam que não era assim e faziam os seus descontos.
Durante cinco anos, o Sr. Primeiro-Ministro, que já tinha sido Deputado, preencheu cinco modelos B da
declaração de IRS, em que consta aquele quadro que diz «contribuições obrigatórias para a segurança
social», e não se deu conta que havia contribuições obrigatórias para a segurança social. Que distraído, Sr.
Primeiro-Ministro!
Mas, enfim, afastemo-nos das suas distrações dessa época e vamos às suas distrações de 2012. Porque é
que não regularizou a dívida em 2012?
Protestos do PSD.
Porque é que só foi regularizar a dívida em 2015, quando lhe bateu à porta um jornalista com vontade de
publicar a notícia? Porque é que passou três anos a chamar batoteiro a quem paga atrasado, a chamar um
ónus para a sociedade a quem paga atrasado e esteve mais três anos a ser batoteiro e a ser esse ónus?
Porque é que não pagou em 2012?
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Dou a palavra ao Sr. Primeiro-Ministro, para responder.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Catarina Martins, sei que normalmente costuma
ser outro partido o penalizado pela ordem natural das coisas, mas, desta vez, creio que o Bloco de Esquerda
não pode dizer que tenha estado distraído do debate.
Sr.ª Deputada não me leve a mal mas creio que já respondi sobejas vezes exatamente a esta pergunta, até
neste debate. Já respondi por escrito aos Srs. Deputados e já respondi, também, neste debate.
Quero, no entanto, dizer à Sr.ª Deputada — permita-me uma pequena retificação — que, de facto, não
foram três anos, porque o meu requerimento para a segurança social foi efetuado em novembro de 2012.
Foram dois anos…
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — E meio!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … e dois meses. Mas não é isso que está em causa, Sr.ª Deputada, com
certeza. O que está em causa é que foi por minha iniciativa que essa questão se esclareceu até às últimas
consequências. Gostaria de deixar isso aqui sublinhado. Acho que esse mérito deve ser assacado, Sr.ª
Deputada.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Foi por iniciativa dos jornalistas!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Quando um Sr. Jornalista colocou essa questão, consultei a Segurança Social
Direta e verifiquei que não havia nenhuma dívida registada em meu nome. Não havia nenhuma dívida
registada e, de resto, pude imprimir na altura uma declaração de não dívida.
O que é que isso significa, Sr.ª Deputada? Significa que, na altura, a que existia não era exigível e, por
isso, não estava disponível no sistema.