12 DE MARÇO DE 2015
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tiveram uma Primavera Árabe. Olhemos também para a Líbia, mas olhemos para o conjunto do Mediterrâneo
como um espaço que é de dramas humanos, onde já morreram mais pessoas do que, porventura, morreram
no conflito da Ucrânia. É necessário tomarmos medidas e que também seja inserido nas agendas próximas do
Conselho Europeu que olhemos para esse drama, que olhemos para a resolução, que olhemos,
conjugadamente, para o conjunto dessas políticas.
Se olharmos assim para a Europa no seu todo apenas estaremos a contribuir com uma voz positiva para
continuarmos a construir a Europa e para desenvolvermos aí, de uma forma global, os nossos propósitos:
sermos um, dentro dos 28, a termos iniciativa, a termos credibilidade, a termos expectativa e, acima de tudo, a
termos aceitação.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — A intervenção final no encerramento deste debate cabe ao Sr. Primeiro-Ministro.
Tem a palavra, Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, procurarei responder às questões que foram suscitadas pela
generalidade dos Srs. Deputados, o que, em 7 minutos, pode não ser exatamente simples, mas procurarei
fazê-lo, como é minha obrigação.
Em primeiro lugar, queria dizer, que o pano de fundo em que nos encontramos neste Semestre Europeu é
realmente diferente do dos anos precedentes, mas por boas razões: porque conseguimos fechar o Programa
de Assistência Económica e Financeira. Isso não significa que tenhamos resolvido todos os problemas que o
País tem, como é evidente. O País nunca disse o contrário, o Governo nunca disse o contrário, a maioria
nunca disse o contrário. Não se podem negar os problemas que temos! Podemos é estar a caminhar no
sentido de resolvermos os problemas que temos ou de estar a caminhar para agravar os problemas que
temos!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — É o que estamos a fazer!
O Sr. Primeiro-Ministro: — É muito importante saber qual é a direção que se toma. E, desse ponto de
vista, a direção tem sido positiva, porque não estamos a agravar os problemas que herdámos, estamos a
resolvê-los. É a diferença entre tirar uma fotografia num determinado momento, numa economia, e verificar
quais são os problemas que ela mostra, ou estar a ver um filme, que não é apenas uma fotografia, é uma série
de fotografias que se seguem numa determinada sequência, para saber se esses problemas se estão a
adensar ou a esbater.
Protestos da Deputada do PS Hortense Martins.
Ora, felizmente, Portugal tem vindo a beneficiar de uma leitura positiva quanto à direção que tem seguido.
E quando a Comissão Europeia apresentou o seu Relatório, e tal como ele foi discutido no Eurogrupo e no
Ecofin, fez uma avaliação positiva da evolução que o País conheceu nestes anos. Aqui, portanto, não há
nenhuma hipocrisia nem nenhuma contradição.
Podemos não subscrever e não estar de acordo quanto a todas as observações que foram feitas no
Relatório da Comissão — não estamos, e temos vindo a dizê-lo publicamente —, quer quanto à leitura que faz
de alguns dados de natureza social, por exemplo, quer, até, quando refere um crescimento mais anémico, na
medida em que esse é um crescimento que está em linha com o registado ao nível de toda a zona euro! Não
se pode dizer que Portugal, desse ponto de vista, esteja pior do que a média registada na União Europeia.
Portanto, podemos não subscrever todas as análises que são feitas pelas instituições, mas isso não significa
que estejamos em contradição com o facto de elas apontarem um caminho positivo que Portugal tem vindo a
registar.
O mesmo acontece relativamente às questões que se referem quer à dívida, quer ao desemprego, quer ao
nosso potencial de crescimento. Não podemos confundir o período em que estivemos a contrair a economia
com o período em que estamos a expandir a nossa economia. São coisas completamente diferentes.