I SÉRIE — NÚMERO 62
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Não queria deixar de fazer uma referência, neste debate. Atendendo ao projeto de resolução que foi
apresentado pelo PSD e CDS e atendendo à intervenção que já tivemos oportunidade de ouvir, manifestando
as preocupações em relação a esta matéria, muito me estranha que durante quatro anos de governação não
tenham sido tomadas medidas efetivas por parte deste Governo, considerando que PSD e CDS suportam este
Governo, e que não se tenham reforçado os meios humanos, técnicos e financeiros, nomeadamente no âmbito
do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas, que tem tido muitas dificuldades para implementar as
orientações definidas.
Também podemos falar do financiamento na área da prevenção da doença e da promoção da saúde, que
continua a ser exíguo e muito deficitário. Ora, é na prevenção da doença e na promoção da saúde que há que
investir muito, pelo futuro e pela melhoria da saúde dos portugueses mas também pela garantia de um Serviço
Nacional de Saúde de qualidade e de mais eficácia.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Miranda Calha): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Teresa Caeiro.
A Sr.ª Teresa Caeiro (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Quantos de nós não
acumularam, ao longo da vida, alegre e inconscientemente, demasiadas horas, demasiadas semanas,
demasiados anos até de exposição solar sem qualquer tipo de precauções.
Quantos de nós, aqui, neste Plenário, e também na população portuguesa e mundial, não fomos vítimas
despreocupadas dos chamados «escaldões» e das consequentes peladas. É verdade que só nas últimas
décadas é que a comunidade científica estabeleceu uma associação tão direta como dramática entre a
exposição excessiva ao sol, sem proteção, e o cancro da pele. E, obviamente, não podemos esquecer a
importantíssima componente genética que existe e existirá sempre.
Mas temo ter de afirmar, como aqui já foi dito, que o cancro da pele está a tornar-se um verdadeiro flagelo
mundial.
Estima-se que, em todo o mundo, ocorram anualmente entre 2 a 3 milhões de casos, dos quais cerca de
200 000 são melanomas, melanomas esses que, como saberão, são o tipo de cancro de pele mais grave e
que está na origem de 80% das mortes por este provocadas.
Os números, em Portugal, já foram indicados pelo Sr. Deputado Nuno Reis, mas, só para relembrar,
estima-se que, todos os anos, surjam cerca de 10 000 novos casos de cancro da pele, 900 dos quais
melanomas. E, Sr.as
e Srs. Deputados, quantos destes casos, quantas destas situações são diagnosticadas já
muito tardiamente?!
É por isso que, apesar da crescente consciencialização, a incidência do cancro tem vindo a verificar-se
cada vez com mais frequência em idades mais precoces, calculando-se que metade dos casos de melanoma
ocorram em pessoas com menos de 40 anos de idade.
Consideram, assim, o PSD e o CDS, que o Estado deve encarar o cancro de pele cada vez mais como um
grave problema de saúde pública.
É certo que o acesso a consultas regulares de dermatologia não ocorre tanto quanto desejaríamos e há
muitos poucos dermatologistas especialistas em oncologia. Daí a necessidade de se ter maior atenção na
formação e no recrutamento destes especialistas.
De qualquer forma, podemos contar com uma rede de educadores, professores, enfermeiros,
farmacêuticos e profissionais de medicina geral e familiar para serem elementos fundamentais na
sensibilização da população para este problema do cancro da pele e fornecerem a indispensável aposta na
informação acessível a todos.
É imprescindível a adoção de medidas a nível local, não só no combate efetivo ao cancro da pele, mas
também na sensibilização da população, nomeadamente para os riscos da excessiva e desadequada
exposição solar, com que comecei esta intervenção.
Assim, deve estabelecer-se como absoluta prioridade a sensibilização das populações mais jovens, que
aqui também já foram referidas, que, obviamente, devem ser estimuladas para atividades ao ar livre, desde
que assumam as necessárias precauções e tenham o cuidado de não fazer uma exposição excessiva ao sol.