19 DE MARÇO DE 2015
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Muitos dos aspetos específicos e das propostas integradas e multidisciplinares da doença — e volto a
referir a extraordinária importância da prevenção e de um diagnóstico precoce — já foram enunciadas pelo Sr.
Deputado Nuno Reis a propósito desta iniciativa conjunta. Por escassez de tempo, refiro, mais uma vez,
apenas uma delas, que se prende com o rastreio…
O Sr. Presidente (Miranda Calha): — E já terminou mesmo o tempo de que dispunha, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Teresa Caeiro (CDS-PP): — Vou concluir, Sr. Presidente.
Como estava a dizer, por escassez de tempo, refiro apenas uma das propostas, que se prende com o
rastreio.
O Plano Nacional de Saúde 2012-2016 deveria contemplar o reforço do diagnóstico precoce do cancro da
pele e, assim, sendo já um dos seus objetivos «aumentar a taxa de cobertura total dos rastreios oncológicos»,
atualmente, para o cancro da mama e do colo do útero, garantindo mais de 60% de cobertura em todo o
território nacional até 2016, propomos que estes rastreios sistemáticos de base populacional passem a incluir
também o rastreio do cancro de pele.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
O Sr. Presidente (Miranda Calha): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Maria Antónia
Almeida Santos.
A Sr.ª Maria Antónia Almeida Santos (PS): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Discutimos hoje
duas iniciativas que recomendam ao Governo o reforço das medidas de combate ao cancro da pele, uma do
PCP e outra — pasme-se! — do PSD e do CDS.
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Pasme-se?!
A Sr.ª Maria Antónia Almeida Santos (PS): — Este é o Estado a que a saúde chegou: a própria maioria
vê-se obrigada a recomendar ao Governo. Por que será? Porque o Governo não faz aquilo que lhe compete.
Esperemos, Sr.as
e Srs. Deputados, que, no mínimo, estas recomendações sejam ouvidas, porque já
fizemos tantas recomendações ao Governo e o Governo tem feito ouvidos moucos à Assembleia da
República, que, de facto, esperamos que, sendo a maioria a fazê-lo, numa situação de certa forma
extraordinária, o Governo possa acatar as recomendações que a maioria aqui faz.
Sr.as
e Srs. Deputados: Falamos do cancro da pele e poderíamos falar, de facto, de outros cancros, mas
este é bastante importante, porque tem algumas características particulares, já que o melanoma é
maioritariamente curado quando tratado em estádios iniciais.
Conhecida a situação de iniquidade em relação ao acesso à inovação e conhecida também a falta de
equidade no que toca ao acesso dos doentes a medicamentos inovadores, ficamos preocupados. É que o
melanoma avançado era uma doença órfã de medicamentos desde 1975. Não havia, até há pouco tempo,
concretamente até 2011 — dizem os estudos —, quaisquer terapêuticas inovadoras ou demonstração
científica comprovada de sobrevivência.
Houve, portanto, uma mudança de paradigma da imuno-oncologia com terapêutica inovadora que permitiu
a sua sobrevida e cronicidade face ao cancro.
Perante estes dados, há que perguntar por que espera, então, o Governo para fazer o que lhe compete.
Esperamos, repito, que esta recomendação não caia, novamente, em saco roto.
Foi pena que a maioria não tivesse recomendado ao Governo que resolvesse o problema, por exemplo, da
hepatite C, a tempo de evitar tanto sofrimento.
Foi pena, também, que a maioria não tivesse recomendado ao Governo que contratasse médicos e
enfermeiros, a fim de evitar o caos nas urgências, que foi por todos conhecido. Ainda hoje estamos a sofrer
consequências desse caos.
É muito penoso para os portugueses que o acesso aos medicamentos, o acesso aos cuidados de saúde
tenha sofrido uma paralisação, um atraso, e que sejamos todos penalizados, porque o Governo não governa.