I SÉRIE — NÚMERO 69
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A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Fão.
O Sr. Jorge Fão (PS): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: Os conselhos municipais de segurança, quando
constituídos pela Lei n.º 33/98, tinham na sua génese preocupações essencialmente centradas nas questões
da criminalidade, da marginalidade e de outros fenómenos de exclusão social que à data, naturalmente, eram
considerados importantes e prioritários em matéria de segurança na área dos municípios.
As questões específicas da violência doméstica, que agora são trazidas pelo Bloco de Esquerda a este
debate e que serão aqui abordadas pela minha colega Elza Pais, não eram, na altura, o centro das atenções
destes órgãos consultivos, bem como também a questão da segurança rodoviária, e tudo aquilo que com ela
está ligado, não estava, efetivamente, nas prioridades da reflexão que era feita pelos intervenientes ao nível
dos conselhos de segurança municipais.
Sinceramente, parece-nos que, quer uma matéria, quer outra, são de relevância e, no meu entender, serão
bem-vindas à integração em debates no âmbito dos conselhos municipais.
No que diz respeito à segurança rodoviária, à data, eram tidos como responsáveis por esta problemática,
essencialmente, o comportamento dos cidadãos condutores, as questões relacionadas com o Código da
Estrada, com a ação da polícia e, de uma forma geral, não era visto outro tipo de fatores, que são
principalmente de gestão e de responsabilidade municipal, como o planeamento urbanístico, o traçado dos
arruamentos urbanos e a qualidade dos pisos e a forma como as posturas municipais são organizadas e
aprovadas. Portanto, essas questões, que hoje em dia fazem parte de um pensamento diferente sobre a
problemática da segurança rodoviária, devem ser tratadas, entendemos nós, no âmbito dos conselhos
municipais.
Os próprios dados estatísticos da sinistralidade rodoviária provam que é no ambiente urbano que,
atualmente, se centra uma das principais preocupações do aumento das consequências nefastas deste
problema e, portanto, este assunto deve ser aí tratado também.
Por isso, ambos os projetos de lei são bem-vindos e penso que merecerão aprovação. Concretamente o
projeto de lei do PSD será também um contributo que a Assembleia da República dá para melhorar esta
matéria e reduzir substancialmente os nefastos efeitos da sinistralidade rodoviária em Portugal.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Paula Santos.
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: Hoje discutimos dois projetos de lei que
visam alterar os objetivos e as competências dos conselhos municipais de segurança, sendo um relativo às
questões da segurança rodoviária e o outro relativo às questões da violência doméstica.
Se tivermos em conta os objetivos e as competências dos conselhos municipais de segurança, poderemos
ter já um entendimento numa perspetiva mais lata das questões relacionadas com a segurança das
populações em geral, por um lado, e das questões associadas ao combate à criminalidade e à exclusão social,
por outro. Ou seja, não há nada que impeça, hoje, os conselhos municipais de segurança de se pronunciarem
sobre estas matérias, de as debater e de analisar as questões específicas de cada um dos conselhos em
relação a estas questões que são hoje aqui propostas.
Por isso, do ponto de vista do PCP, acompanharemos estas propostas que estão em cima da mesa e não
vemos nenhum inconveniente em que os conselhos municipais de segurança possam, também, de uma forma
mais específica, debruçar-se sobre estas matérias e sobre estas preocupações.
Recordamos que a sua criação resulta de uma proposta do PCP e que os conselhos municipais de
segurança são órgãos consultivos que promovem a articulação, a informação e a cooperação entre diversas
entidades, que intervêm e têm responsabilidades em matérias associadas e relacionadas com a segurança
das populações e têm tido, ao longo destes anos, competência para emitir pareceres em relação a estas
matérias. E consideramos também, e é este o balanço que temos feito, que, de facto, têm permitido um
aprofundamento, uma avaliação e uma análise mais concreta, mais específica, sobre estas questões
relacionadas com a segurança das populações.