I SÉRIE — NÚMERO 70
10
enfim, veio, através desta nova alteração, acima de tudo, regular e adequar estas três ordens e os seus
estatutos às novas realidades exigidas pelo mercado, pela diretiva de serviços e pela Lei n.º 2/2013.
Falou-se aqui dos 90 dias. É verdade! Havia um prazo de 90 dias. Mas, atenção, mea culpa, mea culpa,
porque esse prazo é criado por lei da própria Assembleia da República e não do Governo.
O Sr. João Oliveira (PCP): — E nós avisámos! Nós avisámos!
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — É verdade, sim senhor! O Sr. Deputado João Oliveira tem toda a razão.
Ainda ontem, disse isso.
O Sr. Deputado João Oliveira, no grupo de trabalho, teve o cuidado de dizer que este prazo seria curto,…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Pois!…
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — … como se iria provar. E foi!
Ora, o Governo, para além do prazo e não o cumprindo por razões que também teve a ver com a
necessidade de as próprias ordens adequarem as suas propostas à nova realidade, teve o cuidado de se
preocupar, para além desse prazo, repito, com o que era mais importante, ou seja, consultar as associações e
todas as instituições e entidades envolvidas que, de alguma maneira, pudessem ter uma palavra a dizer, por
serem afetadas diretamente por estas alterações. E foram todas ouvidas, como foi aqui dito. Foi essa a
preocupação do Governo.
Se perguntarem ao CDS se é mau não cumprir um prazo, direi que sim, que é mau; se, em alternativa,
perguntarem se preferimos cumprir o prazo, mas não ouvir quem devíamos ouvir para ter certezas tanto do
ponto de vista técnico como de consenso das partes diretamente envolvidas neste processo, a nossa posição
é esta: é preferível ouvir quem tem de ser ouvido, é preferível ter os consensos e os contributos técnicos
necessários e exigentes do que estar religiosa e cegamente a cumprir um prazo que torne isso impossível.
Portanto, saudamos esta iniciativa, agradecemos ao Governo por tê-la tomado e tê-la enviado agora e
reiteramos aquilo que aqui foi dito pelo Sr. Secretário de Estado, ou seja, temos toda a abertura para, em sede
de especialidade, discutir e melhorar as propostas aqui apresentadas.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, segue-se a intervenção do PCP.
Tem a palavra o Sr. Deputado Bruno Dias.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados: Uma
palavra, por parte do PCP, de saudação a todos os homens e mulheres profissionais destes ramos de
atividade que estão aqui em discussão — despachantes oficiais, revisores oficiais de contas, contabilistas
certificados.
Da parte do PCP, queríamos convidar o Sr. Deputado Artur Rêgo a dizer o resto daquilo que não disse. É
porque não basta dizer que o PCP avisou em relação à situação que ia ser criada, e que está criada, com
desfasamentos legais e estatutários pelo atraso que foi gerado.
O PCP apresentou propostas de alteração que foram rejeitadas, com votos contra do CDS, do PSD e do
PS…
O Sr. David Costa (PCP): — Bem lembrado!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — … e que evitariam a situação que está criada.
Esta proposta de lei, como o Sr. Deputado do PS, tão entusiasticamente, lembrou, é, de facto, «filha» do
Memorando de Entendimento do ponto de vista da precarização e da sujeição à diretiva de serviços e às
orientações comunitárias que, nessa medida, estão colocadas. Portanto, há aqui um parentesco inegável que
coloca esta precarização, como dizemos, do ponto de vista comunitário, relativamente a esse quadro.