I SÉRIE — NÚMERO 70
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O Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais: — Sr.ª Presidente, relativamente às questões que
foram colocadas pelo Sr. Deputado Bruno Dias, do PCP, reafirmo o que eu disse na intervenção inicial.
Existe um acordo de princípio em relação às propostas que hoje são apresentadas. Isto porquê? Porque o
Governo teve a preocupação de, desde o início, envolver as ordens profissionais e a Câmara dos
Despachantes Oficiais na elaboração das propostas de lei que hoje são apresentadas, essas mesmas
entidades participaram ao nível dos grupos de trabalho que foram constituídos para o efeito e, por isso, houve,
de facto, uma participação desde o início dessas mesmas ordens na elaboração dos estatutos que hoje
apresentamos.
Mas quero dizer-lhe também, Sr. Deputado, que o Governo entende que esta proposta é inicial, resulta já
de um consenso social alargado com os respetivos profissionais, mas que é possível melhorar, é possível ir
mais longe no diálogo político no Parlamento.
Por isso é que, na minha intervenção, apelei a que houvesse espírito construtivo no sentido de se
encontrarem consensos alargados que permitam, acima de tudo, salvaguardar a estabilidade legal dos futuros
estatutos destas ordens.
É muito importante para a estabilidade da atividade destes profissionais que estes estatutos sejam
aprovados, mereçam um consenso alargado do Parlamento e que se mantenham por muitos e bons anos com
a mesma versão.
Quanto à questão que colocou, a da possibilidade de existência de sociedades com abertura do capital a
profissionais que não são profissionais destes ramos, Sr. Deputado, quero dizer-lhe, que, como também tive
oportunidade de referir na intervenção inicial, a revisão destes Estatutos faz-se também para cumprir a diretiva
europeia dos serviços. Essa diretiva tem como regra geral a abertura do capital a outros profissionais, que não
os do ramo. Pode haver limitações, mas a regra geral é a da abertura.
A existência de sociedades multidisciplinares, que é, no fundo, aquilo que o Sr. Deputado pergunta, é uma
realidade comum em muitos ordenamentos jurídicos na Europa. Em Portugal, é menos, estamos a dar este
primeiro passo, mas essa realidade existe em muitos ordenamentos jurídicos na Europa, nas mais variadas
profissões e nas mais variadas atividades económicas.
Por isso, dando cumprimento à diretiva europeia, o Governo propõe, nestas propostas de lei que apresenta
ao Parlamento, a possibilidade, de facto, de serem constituídas sociedades multidisciplinares com abertura
limitada a profissionais de outras atividades.
Finalmente, respondendo à questão que foi colocada pelo Sr. Deputado do CDS, queria apenas recordar
que nestas três propostas de lei, para além das respetivas associações públicas profissionais representativas,
foi também ouvida a Comissão Nacional de Proteção de Dados, o Conselho Nacional de Supervisão de
Auditoria e a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões. Em relação a entidades internas,
foram ouvidas a Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho, o Instituto de Emprego e Formação
Profissional e a Direção-Geral das Atividades Económicas.
Houve, de facto, um esforço grande para que houvesse um trabalho técnico consistente relativamente à
proposta final que é apresentada neste Parlamento, mas reafirmo, uma vez mais, que uma coisa é o consenso
social e a consistência técnica da proposta, outra coisa é o desejável consenso político alargado, que seria
muito importante que este Parlamento conseguisse atingir.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — A Mesa regista várias inscrições para intervenção, desde já, pelo PS, do Sr.
Deputado Nuno Sá e, pelo PSD, da Sr.ª Deputada Isilda Aguincha.
Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Nuno Sá.
O Sr. Nuno Sá (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Secretária de Estado dos Assuntos Parlamentares e da
Igualdade, Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Sr.as
e Srs. Deputados: As minhas primeiras
palavras são para todos os membros da Câmara dos Despachantes Oficiais, da Ordem dos Revisores Oficiais
de Contas e da Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas, reconhecendo a relevância das suas funções e
competências profissionais.