O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

I SÉRIE — NÚMERO 71

32

Mas olhemos para os valores da dívida, porque a Sr.ª Ministra sugere sempre que o aumento da dívida se

deve apenas à alteração das regras, e isso também é falso, Sr.ª Ministra.

Fui agora consultar — aliás, já lhe tinha dito isso no passado — as séries do Banco de Portugal líquidas da

dívida escondida. Portanto, a dívida já está normalizada durante toda a série. Vou dar-lhe os números, Sr.ª

Ministra das Finanças: em 2010, a dívida era de 96,2% e agora está em 130%, o que já inclui a alteração de

perímetro. Sr.ª Ministra das Finanças. Não se trata de dívida escondida que subitamente apareceu, é a dívida

que as políticas deste Governo criaram.

Agora olhemos apenas para o fim de 2011, se quiser excluir uns meses: no final de 2011, a dívida era de

104% do PIB e agora é de 130%.

Portanto, Sr.ª Ministra, independentemente do ano que escolhemos, 2010 ou 2011, a Sr.ª Ministra das

Finanças e este Governo aumentaram a dívida pública sempre num valor superior a 20 pontos percentuais do

PIB.

Sabe qual era o valor que a Sr.ª Ministra previa no primeiro Documento de Estratégia Orçamental deste

Governo? Previa que iam aumentar apenas 6%. Sr.ª Ministra das Finanças, quase o quádruplo, e não tem a

ver com dívida escondida ou com alterações de perímetro, mas, sim, com uma escolha errada deste Governo

em 2012, que, felizmente, foi travada pelo Tribunal Constitucional.

A Sr.ª Ministra das Finanças disse ainda algo espantoso que, de facto, resume grande parte da dissonância

cognitiva deste Governo, e que lhe peço que oiça.

A Sr.ª Presidente: — Queira concluir, Sr. Deputado.

O Sr. João Galamba (PS): — A Sr.ª Ministra das Finanças disse há pouco uma coisa espantosa, na

resposta que deu, não me lembro se ao PCP se ao Bloco de Esquerda: disse que o Governo foi obrigado a

aumentar impostos por causa do Tribunal Constitucional e que queria era ter cortado salários e pensões e

terminou a sua intervenção vangloriando-se da devolução de salários e pensões. Constatei que essa

devolução existiu porque a Sr.ª Ministra foi obrigada a fazê-lo. A Sr.ª Ministra, na mesma intervenção, queixa-

se de ter sido obrigada a devolver e, no final, vangloria-se desse facto. Isto diz muito!

Aplausos do PS.

O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — Peço a palavra, Sr.ª Presidente.

A Sr.ª Presidente: — Para que efeito, Sr. Deputado?

O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, é para, em interpelação à Mesa, pedir a distribuição

de um documento e apresentá-lo nos termos do Regimento.

A Sr.ª Presidente: — Faça favor de identificar o documento, Sr. Deputado.

O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — Não vou pedir para defender a honra, porque percebo a exaltação do

Sr. Deputado João Galamba a defender o Governo do seu messias.

Os dados que pedia para serem distribuídos dizem respeito à taxa de risco de pobreza e são da

PORDATA, que cita o INE, onde se lê que, em 2010 — mas poderia dizer em 2011, porque a diferença é

apenas de uma décima —, o último ano de mandato completo do Partido Socialista, a taxa de risco de

pobreza, após transferências sociais, é de 18%, quando, em 2006, era de 18,1%.

O Sr. Deputado optou por partir do princípio de que eu menti. Poderia ter-me enganado, o que seria

legítimo, mas aqui está a prova de que isso não aconteceu.

Aplausos do CDS-PP e do PSD.