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27 DE ABRIL DE 2015

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Somos hoje um País respeitado e credível na cena internacional, um País em que as instituições e os

investidores podem confiar.

Em todo o caso, continuam a ser desafios decisivos para o nosso futuro o controlo da despesa pública e do

endividamento do Estado, o financiamento das empresas, a competitividade da economia e a equidade fiscal,

a que devemos associar o apoio ao investimento produtivo e uma agenda de crescimento económico e de

criação de emprego.

Se não existir, da parte dos agentes políticos, a consciência clara de que devem mobilizar os portugueses

para estes desafios, de pouco valerão os sacrifícios que fizemos e que, em muitos casos, deram azo a

situações dramáticas, algumas das quais ainda hoje se mantêm.

Sr.as e Srs. Deputados, pensar o futuro de Portugal significa, antes de mais, proceder ao diagnóstico dos

nossos problemas de fundo e apontar linhas de rumo que devem ser assumidas pelas diversas forças

políticas.

O País enfrenta desafios de médio e longo prazo que não se esgotam no horizonte temporal de uma

legislatura, mas para construirmos um Portugal mais justo e desenvolvido para as novas gerações, é essencial

que, no tempo que se aproxima, sejam tomadas medidas concretas a pensar no futuro.

Enfrentamos um problema muito grave de quebra da natalidade e envelhecimento da população. Portugal é

dos países do mundo onde proporcionalmente nascem menos crianças. Além de todas as questões

associadas à baixa natalidade, como a sustentabilidade da segurança social, a desertificação de vastas zonas

do território e a degradação do princípio da solidariedade entre gerações, a quebra do número de nascimentos

é um fator de empobrecimento para o País como um todo.

O envelhecimento populacional não só reduz o crescimento potencial da economia como aumenta a

pressão sobre as contas públicas, através das despesas de pensões e de saúde.

Mais grave ainda: o facto de cada vez nascerem menos crianças significa que, no futuro, teremos menos

jovens empreendedores, menos cidadãos ativos e criativos, menos trabalhadores qualificados.

Além da urgência em promover uma estratégia de aumento da natalidade, para que várias vezes chamei a

atenção ao longo dos meus mandatos, é essencial fomentar o regresso daqueles que, em resultado da crise

económica e financeira, decidiram partir rumo ao estrangeiro. Em áreas-chave para o nosso futuro, o País viu

sair muitos dos seus jovens, a maioria dos quais altamente qualificados. É agora, enquanto os laços que os

unem a Portugal ainda se mantêm vivos, que devemos atuar e promover o seu regresso, criando condições

para que o seu talento e as suas capacidades possam frutificar entre nós.

Aplausos do PSD e do CDS-PP.

Devemos igualmente adotar uma estratégia coerente de captação de talentos e de integração das

comunidades de imigrantes. Portugal orgulha-se de ser um país tolerante e inclusivo, uma terra fraterna e

multicultural, onde cidadãos de todo o mundo podem trabalhar e viver de forma harmoniosa e pacífica. Importa

aprofundar o esforço de integração das comunidades estrangeiras, no respeito pela sua diversidade e na

partilha de valores de que nunca abdicaremos: a liberdade e a democracia, a justiça e a tolerância.

Verifica-se, por outro lado, que muitos dos jovens que permanecem em Portugal não têm emprego. Outros

encontram-se em situações de subemprego e emprego precário. São forçados a adiar as suas opções de vida,

incertos quanto ao que o futuro lhes trará. Portugal, que enfrenta já um grave problema de natalidade, está,

assim, a desperdiçar um outro ativo fundamental, os seus jovens.

Não admira o desinteresse das novas gerações pela atividade cívica e política. Todos nós — e os agentes

políticos, em particular — devemos refletir muito seriamente sobre este fenómeno.

Só através de uma estratégia vocacionada para a criação de emprego qualificado será possível aumentar a

confiança dos jovens nas instituições. Muitos sentem que foi em vão o investimento que fizeram na sua

formação escolar e qualificação profissional. A manter esta situação, Portugal perde duplamente: por um lado,

perde aquilo que já investiu na educação e qualificação dos seus jovens; por outro lado, desperdiça o

contributo desses jovens para, com o seu talento e a sua iniciativa, ajudarem o País a regressar a uma

trajetória sustentável de crescimento económico e criação de emprego.

A mobilização cívica dos jovens — e dos cidadãos em geral — implica, também, um trabalho de

credibilização das instituições e dos seus protagonistas. Ao fim de quatro décadas de democracia, os agentes