I SÉRIE — NÚMERO 79
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Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Doravante, o escrutínio deverá ser maior e mais minucioso, a exigência de bem-fazer terá de ser
permanente. Teremos de procurar a transparência onde ainda imperam zonas de sombra que diminuem o
alcance da lei e da justiça.
O bem-comum exige que, claramente, refundemos e reafirmemos a subordinação do poder económico ao
poder político, consagrada na nossa lei fundamental.
Sr. Presidente da República, Sr.ª Presidente da Assembleia da República, teremos todos de atuar com
mais humildade, nunca esquecendo que somos os servidores de um povo soberano, que sabe de onde vem e
nos pede que, nos diferentes órgãos de soberania que nos foram confiados, sejamos capazes de estar à altura
das tarefas exigentes que nos poderão garantir um futuro digno.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Os portugueses exigem de nós verdade e responsabilidade.
Aceitar esta exigência será a melhor forma de continuarmos, nas palavras e nos atos, o caminho que o 25
de Abril generosamente nos abriu.
Aplausos do PSD e do CDS-PP, de pé.
A Sr.ª Presidente da Assembleia da República: — Sr. Presidente da República, Sr. Primeiro-Ministro e
Srs. Membros do Governo, Sr. Presidente do Tribunal Constitucional, Sr. Presidente do Supremo Tribunal de
Justiça e demais tribunais superiores, antigos Presidentes da República, Sr. Presidente da Câmara Municipal
de Lisboa, Sr.ª Procuradora-Geral da República, Sr. Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas e
demais representantes institucionais das Forças Armadas, Sr. Provedor de Justiça, Srs. Representantes das
Assembleias Legislativas e dos Governos das Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira, antigos
Presidentes da Assembleia da República, Srs. Conselheiros de Estado, Sr. Núncio Apostólico, Srs.
Embaixadores e representantes do Corpo Diplomático, antigos Deputados à Assembleia Constituinte, Srs.
Deputados, Excelentíssimas Autoridades, Minhas Senhoras e Meus Senhores:
Abril nasceu nas profundezas de um desejo humano de justiça, simples e elementar, imperativo e
fundamental. A liberdade, a justa medida, a devida proporção na relação das pessoas e das pessoas com as
coisas! Foi por esse desejo que a história se construiu no que ela tem de mais belo, entre o combate político e
as ideias dos justos.
Abril é por isso mesmo a celebração da política como liberdade que se exerce, como esperança, como
força emancipadora que nos diz que somos senhores do nosso destino e autores do mundo.
Sentimos essa responsabilidade, agora agigantada pelo carácter global dos acontecimentos
contemporâneos, que os distingue de tudo o que anteriormente conhecemos e torna necessária a instituição
de uma sociedade universal. A globalização limita as possibilidades das políticas nacionais perante um novo
ambiente em que os problemas ganham uma nova escala. Não nos deixa, por isso, um otimismo fácil.
A fratura entre o norte e o sul, com os seus índices de desigualdade, a questão ambiental e o terrorismo
fazem-nos pensar, neste século XXI, em como não está adquirida a elevação do nível geral da condição
humana. Seguindo as palavras de Philip Resnick, não vivemos no melhor dos mundos: subúrbios urbanos,
desastres ecológicos, ondas de refugiados da fome e apátridas, são apenas parte do pano de fundo de um
início de milénio que tem três partes de apocalipse e uma parte de celebração.
Somos chamados, assim, a construir o projeto político da democracia moderna, sobre a mundialização da
economia e dos mercados, os movimentos demográficos e as redes de comunicação, sobre as dinâmicas de
uma revolução pós-industrial que nos faz pensar a liberdade à medida do nosso tempo.
A mundialização exige-nos esforços cooperativos, iniciativas transversais, fundadas em convicções
profundamente democráticas.
Traz-nos o desafio de uma comunidade moral alargada como tarefa política. E faz-nos empreender em
novas metodologias e novos protagonismos. Reorganiza os Estados e as estruturas sociais. Os Estados em