I SÉRIE — NÚMERO 79
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O Sr. José Magalhães (PS): — Muito bem!
O Sr. Miranda Calha (PS): — Sem fatalismos e sem mordaças, cabe-nos ultrapassar os nossos bloqueios.
Criar emprego e assumir a solidariedade coletiva como valor e como prática, modernizar a nossa
Administração e a nossa economia, encarar como prioritário e decisivo o que seja estratégico e nos defina
como País no concerto do mundo. Como dizia Torga, «É impossível que o tempo atual não seja o amanhecer
doutra era».
Aplausos do PS.
Assim estaremos à altura de Abril e deste povo que há mais de 40anos constrói todos os dias a sua
liberdade.
Deputados Constituintes, recordaremos sempre o vosso trabalho.
Viva o 25 de Abril! Viva a Constituição da República, Viva Portugal!
Aplausos do PS, de pé.
A Sr.ª Presidente da Assembleia da República: — Em representação do Partido Social Democrata, tem a
palavra o Sr. Deputado Fernando Negrão.
O Sr. Fernando Negrão (PSD): — Sr. Presidente da República, Sr.ª Presidente da Assembleia da
República, Sr. Primeiro-Ministro e Srs. Membros do Governo, Srs. Presidentes do Supremo Tribunal de
Justiça, do Tribunal Constitucional e demais tribunais superiores, Sr.as e Srs. Deputados, Excelências, Minhas
Senhoras e Meus Senhores:
Completam-se hoje 41 anos sobre o fim de uma ditadura que retirava aos portugueses a liberdade
elementar de expressarem publicamente a sua visão sobre os problemas nacionais, bem como discutirem sem
peias e reservas mentais os melhores caminhos para a sua superação.
Completam-se hoje 41 anos sobre o começo de uma era de liberdade, através de um Estado guiado
exclusivamente pela lei e seu cumprimento, pela separação de poderes e pela consagração efetiva dos
direitos, liberdades e garantias, designadamente, a liberdade de imprensa que nunca poremos em causa.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Um Estado de direito que nos confere a felicidade pública de viver em democracia.
Uma democracia sempre imperfeita, incompleta, carecendo de aperfeiçoamento, mas na qual a importância
de discordar é tão importante como a importância de concordar, na qual qualquer cidadão, independentemente
do seu estatuto social, das suas convicções religiosas, do seu género ou da cor da sua pele, pode livremente
manifestar-se e na qual todos os poderes são, e devem ser, limitados e submetidos exclusivamente à vontade
do povo expressa em eleições livres, dentro dos limites do contrato constitucional definido pela vontade
soberana desse mesmo povo.
Hoje e sempre celebraremos o 25 de Abril!
A ele ficaremos sempre a dever a liberdade e a democracia, cientes da plena legitimidade e grandeza das
nossas Forças Armadas, que o levaram a cabo, não por se constituírem como um exército derrotado, mas sim
porque foram lideradas por um conjunto de oficiais imbuídos de ideais democráticos que libertaram o País,
permitindo as liberdades públicas, deixando espaço aberto aos povos africanos, até aí sob administração
portuguesa, para construírem com independência a sua própria história.
Com o 25 de Abril, Portugal regressou também, de pleno direito, a uma Europa dominada por um difícil,
mas indispensável, processo de integração.
Sr. Presidente da República, Sr.ª Presidente da Assembleia da República, completam-se também este ano
seis séculos sobre a conquista de Ceuta, que o mesmo é dizer sobre o início da construção do império colonial
português, que, como nos ensinou Adriano Moreira, atravessou três ciclos temporais: asiático, americano e
africano.