I SÉRIE — NÚMERO 79
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políticos devem compreender, de uma vez por todas, que a necessidade de compromissos interpartidários é
intrínseca ao nosso sistema político e que os portugueses não se reveem em formas de intervenção que
fomentam o conflito e a crispação e que colocam os interesses partidários de ocasião acima do superior
interesse nacional.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Os portugueses estão cansados da conflitualidade política em torno de questões acessórias e artificiais,
quando devia existir união de esforços na abertura de perspetivas de futuro para as novas gerações, no
combate ao desemprego e à pobreza, na melhoria da equidade na distribuição do rendimento, no apoio aos
nossos idosos.
Sr.ª Presidente da Assembleia da República, Sr.as e Srs. Deputados: Num contexto de dignificação das
instituições, impõe-se, desde logo, uma atitude firme de combate à corrupção, um dos maiores inimigos das
sociedades democráticas.
A corrupção tem efeitos extremamente graves no relacionamento entre os cidadãos e o Estado, diminuindo
a confiança nas instituições e criando, em particular, a falsa ideia de que a generalidade dos agentes políticos
ou dos altos dirigentes da Administração não desempenham as suas funções de forma transparente, ao
serviço exclusivo da comunidade.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
É desta falsa perceção que se alimentam os populismos e se abre a porta à demagogia.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Para além do mais, a corrupção põe em causa um dos elementos essenciais da vida coletiva: a coesão do
tecido social.
Portugal possui importantes ativos, sobretudo em comparação com muitos países congéneres da União
Europeia. Um desses ativos é, precisamente, a coesão social. Graças a ela, conseguimos atravessar um
período de duros sacrifícios sem que se tenham verificado radicalismos e ruturas dramáticas, como sucedeu
em alguns países da Europa do Sul.
Para mantermos a coesão social, é essencial que exista um empenho de todos no combate à corrupção.
Numa República de cidadãos iguais, ninguém está acima da lei.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Neste contexto, um desafio que temos de enfrentar é o da promoção de uma política de justiça centrada na
defesa do interesse coletivo e dos direitos individuais. Só através de uma justiça credível, célere e eficaz
Portugal pode afirmar-se como um Estado de direito consolidado, uma sociedade meritocrática de cidadãos
livres e iguais. Têm sido aprovadas reformas do nosso sistema de justiça que só obterão plenos resultados se
envolverem de forma ativa os agentes do aparelho judiciário, os magistrados que conhecem de perto a
realidade dos tribunais. Estou certo de que este é um domínio onde será possível encontrar consensos
interpartidários capazes de conferir estabilidade às reformas de fundo já introduzidas ou que entretanto
venham a ser apresentadas.
É bem sabido que os atrasos do sistema de justiça, além de lesarem direitos e expectativas legítimas dos
cidadãos, representam um dos fatores determinantes da menor atratividade do investimento, prejudicando o
dinamismo e a competitividade da nossa economia.
Também no domínio da Administração Pública, apesar da modernização tecnológica e do avanço na
prestação de serviços digitais, subsistem ainda fatores que dificultam a atração do investimento e a iniciativa
das empresas. Infelizmente, o debate sobre a reforma do Estado tem sido colocado num terreno de combate
ideológico, em que se esgrimem argumentos que, em concreto, pouco contribuem para aquilo que todos
desejamos: uma Administração independente, imparcial e próxima dos cidadãos, dimensionada de acordo