I SÉRIE — NÚMERO 79
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O relatório da Fundação Calouste Gulbenkian Um futuro para a Saúde fornece uma base informada e
objetiva para o estabelecimento do pacto político e social para a próxima década que este setor exige.
Sr.as e Srs. Deputados, um tema constante dos meus mandatos, o da estratégia nacional para o mar,
entrou definitivamente na agenda política.
Destaco, nesta ocasião, o largo consenso alcançado nesta Assembleia na aprovação da Lei de Bases da
Política de Ordenamento e de Gestão do Espaço Marítimo Nacional e os desenvolvimentos operados nos
setores portuário e de transformação de pescado, pelo seu contributo para o aumento das exportações.
Apesar dos avanços, há um grande potencial da economia do mar ainda por explorar e um desafio político
da maior relevância que importa enfrentar na próxima Legislatura: a adoção de uma governação
verdadeiramente integrada dos assuntos do mar. Há que assegurar uma articulação eficiente de todos os
assuntos do mar, independentemente da tutela governativa em que se situem, de modo a garantir a realização
da estratégia definida para o setor.
Noutro domínio, de grande importância, tornou-se evidente a necessidade de garantir a segurança dos
cidadãos face a novas ameaças transnacionais, a que devemos dar resposta através da afirmação dos nossos
valores e princípios, mas também com recurso a meios preventivos e repressivos. Portugal é uma sociedade
aberta e tolerante. Para continuar assim, tem de rejeitar com firmeza os extremismos e ser intransigente com a
violência e o terrorismo.
Um desafio premente que aqui se coloca é o de adequarmos a organização e o funcionamento de todas as
estruturas que compõem o nosso sistema de segurança nacional às exigências que decorrem destes novos
perigos, que não se fazem anunciar e que não conhecem fronteiras.
Ainda que num plano claramente distinto daquele que acabei de referir, a violência não se manifesta
apenas através da força física e das armas. Temos assistido, no debate público em Portugal, a um nível de
crispação e de agressividade verbal que, muitas vezes, não hesita em extravasar da controvérsia de opiniões
para os ataques e os insultos de caráter pessoal.
Numa democracia amadurecida, o debate informado e a diversidade de opiniões são valores fundamentais.
Valores que, no entanto, correm o risco de ser obscurecidos e relegados para um plano secundário se se
mantiver a tendência para recorrerem às querelas estéreis, à calúnia e à difamação como instrumentos de
combate político. Aí, não estamos já no campo da divergência de opiniões; pelo contrário, aos olhos dos
cidadãos, a salutar diversidade de ideias perder-se-á e o debate público sairá empobrecido.
A violência verbal, amplificada pelo ruído mediático, afasta os cidadãos da vida da República, fomenta o
desinteresse cívico, corrompe a confiança dos portugueses nas suas instituições.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Apelo, pois, aos Deputados, representantes do povo, desta Legislatura e da que irá iniciar-se no final deste
ano, a que contribuam, pela força do seu exemplo, para a elevação do debate público e para a qualidade da
democracia em Portugal.
Só deste modo, através do diálogo e do consenso, será possível alcançar os compromissos
imprescindíveis para garantir a estabilidade política e a governabilidade e para enfrentar com êxito os desafios
que o futuro nos coloca.
Só através do compromisso entre as forças democráticas foi possível aprovar a Constituição da República
e concretizar muitos dos sonhos de Abril.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Sr.ª Presidente da Assembleia da República, Sr.as e Srs. Deputados: Olhando para o mapa da Europa,
Portugal surge como um país pequeno e periférico. Mas, por vezes, as aparências são enganadoras. Somos
dos países com maior nível de coesão social da União, possuímos laços privilegiados de amizade com vários
povos do mundo, a nossa língua é falada por milhões de seres humanos. Além de tudo, somos o espaço onde
a Europa se abre ao Atlântico. O mar projeta-nos e engrandece-nos, coloca-nos no centro do planeta.
No mapa do mundo — e já não do continente europeu —, Portugal não se encontra na periferia; pelo
contrário, ocupa um lugar central. No tempo da globalização, em que as geografias se reconstroem