2 DE MAIO DE 2015
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programa de austeridade? Quando pediram ajuda à República o que tiveram foi austeridade em cima daquela
que já era trazida pelo Memorando da troica. Essa é que é a dura realidade.
Portanto, quando nos vêm aqui hoje dizer que caem as lágrimas a este Governo, a esta maioria pela
pobreza que existe na Madeira, pela necessidade que temos de apoiar aquela Região, percebemos que são
lágrimas de crocodilo de quem tem num offshore um paraíso fiscal para termos mais um buraco negro no
pagamento de impostos. Com isso ajuda a que esta concorrência fiscal a nível mundial seja sempre para o
fundo e para a fuga e para a fraude fiscal. Mas essas são também as lágrimas de crocodilo daqueles que
provocaram mais austeridade naquele povo, que deveria estar liberto dela e não ser sujeito às políticas
draconianas deste Governo.
Esta não é uma boa medida, esta é uma má medida, que torna mais duradouro no tempo aquele que é o
malefício que o offshore trouxe à Região e, por isso, nós não o podemos acompanhar.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para uma nova intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Rui
Barreto.
O Sr. Rui Barreto (CDS-PP): — Sr. Presidente, Srs. Secretários de Estado, Srs. Deputados: Ouvi há pouco
o Sr. Deputado Jacinto Serrão dizer o Governo tinha sido titubeante.
O Sr. Jacinto Serrão (PS): — E foi!
O Sr. Rui Barreto (CDS-PP): — Sr. Deputado, titubeante foi o PS! Quando o processo estava muitíssimo
bem conduzido e na sua fase final, em 2010, com vista à resolução do quarto regime, sabe o que é que fez na
altura o Secretário de Estado do Partido Socialista Sérgio Vasques? Fez um veto de gaveta, Sr. Deputado.
Retardou todo o processo. O Governo reiniciou de novo, em dezembro de 2011, negociações dificílimas,
houve muita perseverança, muita troca de informação, muita coordenação, mas felizmente conseguimos, e
isso é que o incomoda, Sr. Deputado Jacinto Serrão.
Devo dizer ao Sr. Deputado que não vale a pena enviar mais requerimentos ao Governo, porque o assunto
está concluído, está resolvido.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Queira concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Rui Barreto (CDS-PP): — Só espero uma coisa: aguardo uma votação positiva da parte do Partido
Socialista. Isso é que vos ficava bem.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Secretário de Estado dos
Assuntos Fiscais.
O Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais: — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Deputado
Jacinto Serrão, o atraso na concretização e implementação deste regime tem muito que ver com a posição de
Portugal fragilizada perante as instituições comunitárias depois de o Partido Socialista ter abandonado a
negociação do terceiro regime em Bruxelas.
O Sr. Jacinto Serrão (PS): — E porquê?
O Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais: — Se não tivesse sido isso, muito provavelmente este
regime tinha entrado em vigor há mais tempo, Sr. Deputado. Por isso, é preciso ter a noção clara do que, de
facto, aconteceu.