14 DE MAIO DE 2015
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O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Em relação a este projeto de
recomendação do Bloco de Esquerda e sendo claro logo à partida, queria dizer que não acompanhamos esta
iniciativa legislativa.
Compreendemos o interesse e a ideia retóricos que o Bloco de Esquerda tem, e que ouvimos aqui hoje, em
fazer um conjunto de afirmações mais ou menos eleitorais sobre esta matéria.
Porém, o que este projeto tem de útil, por assim dizer, é desnecessário, até porque não é novo; naquilo que
ele tem de novo, enfim, não o acompanhamos, não concordamos e consideramo-lo até desnecessário.
O que queremos dizer sobre isto, para ser mais claro? É evidente que este é um problema sério, é real e é,
obviamente, inadmissível na sociedade portuguesa ou em qualquer outra sociedade. Qualquer comportamento
de violência policial, designadamente violência policial associada a qualquer tipo de fenómeno de racismo,
seria absolutamente inaceitável, como é evidente.
A Sr.ª Teresa Anjinho (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Sobre isso, estamos todos de acordo.
Agora, com mais ou menos incómodo até do Bloco de Esquerda, tivemos ocasião de ouvir, hoje mesmo, de
manhã, a Sr.ª Ministra da Administração Interna, que disse perentoriamente, em nome de quem tem tutela,
direção e pode instruir as próprias forças de segurança, rejeitar, negar veementemente a existência de
comportamentos racistas por parte da polícia.
Em segundo lugar, disse-nos — sublinhando que o dizia de forma enfática — que as nossas forças de
segurança estão sujeitas e cumprem escrupulosamente o Código de Conduta do Conselho da Europa.
Em terceiro lugar — e nós reunimos com as associações destes bairros onde existiram os problemas e eles
disseram-nos que a solução que querem é mais proximidade e mais policiamento de proximidade —, foi-nos
dito, hoje mesmo, pelo Governo, que o policiamento de proximidade não só não diminuiu (é uma reivindicação
das associações de moradores, como a Associação Moinho da Juventude) como, pelo contrário, tem vindo a
aumentar significativamente.
Por outro lado, comportamentos que existiram estariam sujeitos a inquéritos. Ora, sabemos que houve
inquéritos, sabemos que os inquéritos são rigorosos e sabemos que teremos conclusões sobre os mesmos.
Por isso, aquilo que este projeto proporia de útil, que seria a existência de uma comissão, a existência de
diálogo, a existência da formação dos próprios agentes, tudo isso nos foi garantido, hoje mesmo, de manhã,
que está a ser feito.
A Sr.ª Teresa Anjinho (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Ou seja, a formação dos polícias, a formação cívica dos polícias está a
ser feita e garantida. Existiram reuniões alargadíssimas com as associações, com os comités que têm a
obrigação, em Portugal, de vigiar e combater qualquer tipo de racismo, com os chefes das forças de
segurança, com os moradores… Existiram reuniões alargadas e, dessas reuniões, saiu um resultado — que é
aquilo em que este projeto poderia ser útil e, por isso, é que eu digo que, naquilo em que ele podia ser útil, é
desnecessário —, ou seja, saiu dessas reuniões, como, de resto, é proposto, uma comissão de alerta precoce,
ou seja, uma comissão que tem a obrigação de, perante qualquer fenómeno, qualquer abuso, qualquer
exagero, qualquer comportamento errado por parte da polícia, fazer um alerta.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Faça favor de terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Em relação ao resto, não acompanhamos. Ou seja, em situações
graves, impedir o Corpo de Intervenção de fazer zonamento não é aceitável, cria, inclusivamente, um princípio
de suspeição geral sobre as forças de segurança.
A Sr.ª Teresa Anjinho (CDS-PP): — Muito bem!