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I SÉRIE — NÚMERO 85

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O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Termino, Sr. Presidente, dizendo que é, de resto, curioso que o Bloco

de Esquerda, que, sempre que se propõe videovigilância, é contra, agora é a favor da videovigilância. Mas

para vigiar quem? Não são os ladrões, são os polícias!

A Sr.ª Teresa Anjinho (CDS-PP): — Muito bem!

O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Ou seja, desde que a videovigilância sirva para vigiar os polícias, o

Bloco de Esquerda passa a ser a favor.

Risos do Deputado do PSD Hugo Lopes Soares.

Não é aceitável, cria um princípio geral de suspeição, não resolve o problema, que está a ser tratado, como

foi dito hoje mesmo, de forma séria.

Aplausos do CDS-PP e do PSD.

O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Lacão.

O Sr. Jorge Lacão (PS): — Sr. Presidente, Sr.as

e Srs. Deputados: É sempre compreensível que o

Parlamento possa manifestar a sua atenção em relação a possíveis situações que envolvam, em qualquer

circunstância, abuso no exercício da autoridade ou por parte de poderes públicos, nomeadamente de natureza

policial.

É sempre admissível também que o Parlamento, através das suas capacidades de fiscalização, procure,

quando eventos destes possam ocorrer, inquirir, junto dos responsáveis, a avaliação dos episódios que

possam ter lugar.

E é também natural e compreensível que se procure conhecer, a partir daquilo que possam ser os

inquéritos entretanto lançados, a avaliação de incidentes que possam ter manifestado um índice de gravidade

mais apurada. Esse é, no entanto, um aspeto em relação ao qual, acredito, todos podemos convergir.

O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — É isso, é!

O Sr. Jorge Lacão (PS): — Mas outro aspeto, a meu ver, diferente é o de poder partir de uma qualquer

situação, por mais censurável que possa ter sido, para uma linha de orientação que implicasse convocar o

Parlamento para recomendar a eliminação de práticas de violência policial e de racismo, o que teria,

naturalmente, como pressuposto, que o clima habitual das nossas forças de polícia é praticarem o excesso de

violência e é disseminarem a atitude racista nos seus comportamentos.

O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Muito bem!

O Sr. Jorge Lacão (PS): — Não acompanhamos, naturalmente, esta motivação. E porque não a

acompanhamos, queremos sublinhar que, isso sim, criticaremos, sem embargo, o Governo por uma falta de

atenção suficiente às exigências da polícia de proximidade.

Já aqui foi citado o testemunho da Sr.ª Ministra da Administração Interna, esta manhã, em Comissão. Pois

a Sr.ª Ministra da Administração Interna acabou por ter de reconhecer que, em matéria de contratos locais de

segurança, envolvendo as autarquias locais e outras instituições representativas das comunidades, estão

reduzidos, hoje, apenas a um contrato local de segurança no município de Loures, o que significa uma enorme

indigência da parte do Governo no incremento das políticas de proximidade e, particularmente, do

policiamento de proximidade.

E é aqui que, justamente, bate o ponto: quando o desenvolvimento dos contratos locais de segurança foi

feito, nomeadamente em alguns dos bairros críticos já hoje aqui citados, muitos dos incidentes que, entretanto,

vêm sendo referidos não tiveram lugar, porque o quadro de confiança que se devolveu entre as comunidades

e a prevenção policial foi um quadro de confiança inteiramente saudável.