30 DE MAIO DE 2015
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Agora, não andem permanentemente a «lavar as mãos» das responsabilidades que têm, designadamente
em relação ao Novo Banco, porque a Sr.ª Ministra sabe que, de acordo com o quadro legal em vigor, um bom
conjunto dessas isenções poderiam não ter sido atribuídas. A Sr.ª Ministra sabe isso!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — A Sr.ª Ministra sabe que se legislou à socapa para que outras
isenções fiscais pudessem ser atribuídas ao Novo Banco!
Portanto, não vamos pôr-nos aqui com ar de inocentes a dizer que com estas isenções o Novo Banco não
ganha nada, que o Estado não perde nada… É caso para perguntar: então, para que é que elas existem, se
não aquecem nem arrefecem?!
Sr.ª Ministra, julgo que, face às situações que já vivemos…
O Sr. Presidente (Miranda Calha): — Sr.ª Deputada, embora esteja a utilizar o seu tempo, sabe qual é o
tempo regimental estabelecido para os pedidos de esclarecimento.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sim, com certeza, Sr. Presidente, e vou mesmo terminar.
Sr.ª Ministra, os portugueses estão «queimados» com as intervenções que já foram feitas em tantas
instituições bancárias. Os portugueses, julgo, já estão fartos de ver o País num profundo prejuízo por causa de
um sistema financeiro que engorda, engorda, engorda e, depois, rebenta, com brutais prejuízos para o País e
com brutais encargos para o Estado. E é isto que não pode ser, Sr.ª Ministra. É este sistema que é preciso ter
vontade e coragem de alterar, mas o Governo não o faz, Sr.ª Ministra.
Vozes do PCP: — Muito bem!
O Sr. Presidente (Miranda Calha): — Também para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada
Cecília Meireles.
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.ª Ministra, é óbvio que este debate não decorrerá à
margem do que se passou no BES e que as lições aprendidas no caso BES, como, aliás, há lições aprendidas
com outros casos, terão e serão aqui motivo de amplo debate.
Aquilo que se passou no BES foi, felizmente, radicalmente diferente do que passou no BPN, do ponto de
vista de quem paga a conta. Enquanto no BPN tivemos uma nacionalização com custos diretos para os
contribuintes, no BES tivemos uma resolução e a salvaguarda dos interesses dos contribuintes.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Era bom, era!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Mas é claro que os dois casos, como outros casos, têm um traço
comum: são bancos que falharam, são sinónimo de alguma coisa que correu mal no nosso sistema financeiro
e correu mal na supervisão. Assim sendo, é preciso aprender alguma coisa e é preciso tirar lições destes
casos.
No entanto — e isso tem sido dito não só pelo CDS como por vários grupos parlamentares —, é preciso ter
cuidado com as legislações feitas à pressa, feitas em cima do acontecimento, porque muitas vezes, na
tentativa de resolvermos os problemas com soluções imediatistas e fáceis, criamos problemas piores do que
aqueles que estamos a tentar resolver. Creio que muitos dos projetos que aqui são apresentados não só pelas
bancadas da maioria têm esse cuidado, outros, naturalmente, não terão.
Em relação a este projeto de auditoria e porque há lições a serem tiradas, creio que ficará para a memória
de todos aquilo que se passou com a auditoria do BES e até o momento caricato que aqui tivemos de uma
sociedade de auditoria portuguesa que desconhecia por completo o que se passava em Angola, apesar de o
presidente de ambas ser exatamente o mesmo.