I SÉRIE — NÚMERO 95
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O Sr. João Figueiredo (PSD): — Isso é mentira!
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Isto não é novidade para ninguém! O Sr. Deputado, certamente,
não andou a dormir durante estes quatro anos!
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Quem andou a dormir foi o Sr. Deputado!
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Este Governo convive muito mal não só com o Estado social
como com a nossa Constituição. Os Srs. Deputados não andaram a dormir e sabem isso perfeitamente. Nós já
o sabíamos e há outros que, pelos vistos, estão a sabê-lo agora.
Vozes do PCP: — Muito bem!
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr. Ministro, na proposta do Governo pretende-se fazer uma
profunda revisão da matéria relativa à prestação do apoio ao funcionamento das Comissões de Proteção por
parte do Estado. O que pretendia saber é se o problema do apoio do Estado às Comissões de Proteção é um
problema legislativo, que se resolve por decreto, ou se é um problema de meios, um problema de opções do
Governo, porque importa saber, por exemplo, se o problema não reside mais nos novos critérios que o
Governo impôs para a disponibilização de representantes e técnicos no apoio às Comissões de Proteção do
que qualquer alteração legislativa. Ou, dito de outra forma, Sr. Ministro, e para terminar, porque já estou a
exceder o tempo, o Governo não consegue garantir o pleno funcionamento das Comissões de Proteção de
Crianças e Jovens em Risco.
O Sr. João Figueiredo (PSD): — Não é verdade!
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Toda a gente percebe, menos os Srs. Deputados da maioria! Isto
parece claro para todos.
A questão está em saber porquê, e era isso que eu queria que o Sr. Ministro nos dissesse. O Governo não
está a garantir o pleno funcionamento dessas Comissões por opção ou por qualquer limitação de natureza
legislativa. E, se for por qualquer limitação de natureza legislativa, seria bom, Sr. Ministro, que nos dissesse
quais são, afinal, essas limitações que impedem o Governo de garantir o pleno funcionamento das Comissões
de Proteção de Crianças e Jovens em Risco.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, o tempo disponível para as intervenções dos oradores é imputado
no tempo global atribuído aos grupos parlamentares, mas peço-lhes que não excedam demasiado o tempo
das perguntas para se poder distribuir melhor o tempo de debate.
Dou agora a palavra ao Sr. Deputado António Filipe para pedir esclarecimentos.
O Sr. António Filipe (PCP): — Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados, a
questão que queria colocar no início deste debate é uma questão procedimental, mas para nós importante.
Naturalmente que estas propostas de lei referem-se a uma matéria extraordinariamente importante. Não
negamos a relevância e a importância desta matéria, daí que consideremos muito importante que esta
Assembleia da República tenha a possibilidade de fazer um debate aprofundado destas três propostas de lei,
que são substantivas e materiais. Aliás, o Governo refere isso mesmo ao considerar, no preâmbulo destas
propostas de lei, a necessidade de serem ouvidos os órgãos de governo próprios das regiões autónomas — o
que, naturalmente, leva o seu tempo —, a Procuradoria-Geral da República, a Provedoria de Justiça, o
Conselho Superior da Magistratura, a Associação Nacional de Municípios, a Confederação Nacional das
Instituições de Solidariedade, a União das Misericórdias Portuguesas, a União das Mutualidades Portuguesas.
Estes são aqueles que o Governo considera essencial que sejam ouvidos pela Assembleia da República.