5 DE JUNHO DE 2015
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Em matéria de prevenção e reparação, a colaboração entre todos os atores locais reveste-se da máxima
importância. Sr. Ministro, esta alteração vem ou não, e de que forma, reforçar essa colaboração existente
entre as comissões e a comunidade, designadamente os municípios e as redes sociais locais?
Consciente de que a efetiva promoção dos direitos das crianças e a garantia da sua proteção exigem uma
intervenção, o Governo desenvolveu o programa Parentalidade Positiva, de prevenção e capacitação das
famílias em situação mais vulnerável, de modo a acautelar eventuais situações de risco para as crianças.
Sr. Ministro, termino perguntando o seguinte: a legislação ora em discussão não se constitui, ela própria,
como um elemento facilitador na implementação deste importante programa?
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Rita Rato para formular perguntas.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr. Ministro, as propostas de lei hoje em discussão relativas ao
regime de adoção, proteção de crianças e regime tutelar cível não referem uma única palavra para as
condições humanas e materiais de aplicação da lei. Isto é, o Governo que retirou técnicos às equipas
multidisciplinares de apoio aos tribunais é o mesmo que nestas propostas vem impor maior celeridade,
agilização e eficácia no tratamento dos processos, designadamente de adoção e de regulação do exercício de
responsabilidades parentais.
Podemos, por isso, concluir, Sr. Ministro, que o mais fácil é o Governo, tarde, a más horas e sem instruir os
processos legislativos, como é sua obrigação, alterar a lei. Mais difícil, porque não tem vontade de o fazer, é
garantir o número de profissionais adequados na segurança social, nas equipas junto dos tribunais para
assegurar o cumprimento cabal da lei. Isso o Governo não quer fazer, porque isso exige, necessariamente,
uma outra visão sobre o papel do Estado e as suas funções sociais.
Sr. Ministro, queria aproveitar para lhe colocar duas questões concretas.
Uma, tem a ver com o facto de o Governo ter vindo a afirmar — e fê-lo na intervenção inicial — a
necessidade de privilegiar o acolhimento familiar. Por princípio, acompanhamos esta ideia. Mas, Sr. Ministro,
aquilo que nos tem chegado por parte de famílias é o incumprimento por parte da segurança social no
pagamento daquilo que é necessário às famílias de acolhimento. Por isso, temos confrontado o Governo com
situações concretas, vide a pergunta ao Governo n.º 1118/XII, da 2.ª Sessão Legislativa, sobre o
incumprimento da lei relativamente aos direitos das famílias de acolhimento. É porque, Sr. Ministro, o mais
fácil é «atirar a batata quente» para cima dos outros, o mais difícil é criar condições efetivas de acolhimento e
de salvaguarda dos interesses das crianças.
Outra questão concreta que aqui queremos colocar tem a ver com a lei tutelar cível e com o que tem vindo
a chegar à Assembleia da República relativamente ao regime das responsabilidades parentais e o diploma que
aqui hoje discutimos nada refere sobre esta matéria. Quando os pais não cumprem o pagamento da pensão
de alimentos e a segurança social, através do Fundo de Garantia de Alimentos Devidos a Menores, é obrigada
a suprir essa falta, o que tem acontecido é que a segurança social tem vindo a recorrer sempre que o tribunal
decide impor o pagamento de quantia superior àquela que foi fixada pelo devedor. Se, devido à incapacidade
económica, for fixado às famílias, por exemplo, 50 € e se o tribunal decide que é 80 €, a segurança social
recorre sempre desta decisão.
Sr. Ministro, diga-nos onde é que está a preocupação com o superior interesse das crianças.
Aplausos do PCP e de Os Verdes.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra o Sr. Ministro da Solidariedade, Emprego e Segurança Social para
responder.
O Sr. Ministro da Solidariedade, Emprego e Segurança Social: — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados,
começo por agradecer aos Srs. Deputados que colocaram questões.
À Sr.ª Deputada Carla Rodrigues, devo dizer que, para nós, o essencial é proteger o superior interesse da
criança. Exatamente por isso que sabemos que é preciso tirar muita burocracia, tirar muita carga burocrática, a